Quarenta anos depois da revolução que pôs fim ao Estado Novo, a Galeria Municipal Almeida Garrett inaugura uma exposição centrada na pintora Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), que também dedicou parte da sua obra ao 25 de Abril.

A organização tem pedido, a quem conserve exemplares dos cartazes “A Poesia Está na Rua”, que os empreste, acompanhados de um breve depoimento (com um máximo de seis linhas, ou 300 caracteres) sobre a importância da data. O nome de quem colaborar na iniciativa constará dos materiais de divulgação da mostra e estará salvaguardada a segurança dos cartazes. Estes deverão ser entregues até dia 25 de março, na sede da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva (FAZ-VS), em Lisboa (Praça das Amoreiras, 58), ou na própria Galeria Municipal do Porto.

Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva

A Fundação dedica-se à divulgação e estudo da obra dos artistas plásticos Arpad Szenes e Maria Helena Vieira da Silva, mas também de outros artistas contemporâneos. Após a morte de Arpad Szenes, em 1985, Vieira da Silva quis criar um Centro de Estudos e Investigação dedicado à obra de ambos. O projeto ficou concluído em 1990 e, desde então, dedica-se à realização de exposições, conferências, estudo e análise de obras de arte.

De acordo com Sandra Santos, documentalista da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, a ideia serve para aproximar o público desta exposição e reunir também diferentes testemunhos centrados na época e obra da artista: “Aquilo que nos interessa não é só a imagem, mas também a memória que este público, que viveu o 25 de abril na sua maioria, tenha do evento”.

“Uma forma de trazer para a contemporaneidade a memória do 25 de abril”

A iniciativa vai incluir um conjunto de obras de referência, provenientes de várias coleções, uma fotobiografia da pintora e o célebre cartaz “A Poesia está na Rua”, realizado a pedido da sua amiga Sophia de Mello Breyner, que, em 1975, integrou a lista do PS à Assembleia Constituinte. Sandra afirma que, apesar de se tratar de “um poster, uma forma de representação que não é valorizada como artística”, têm recebido algumas respostas positivas.

O artista Pedro Cabrita Reis vai reinventar a obra de Vieira da Silva e o trabalho funcionará, depois, como cartaz da própria exposição. Na opinião de Sandra Santos, esta “intervenção artística” serve para aproximar as duas gerações e foi também “uma forma de trazer para a contemporaneidade a memória do 25 de abril”. A obra da artista Maria Helena Vieira da Silva vai estar exposta na Galeria Municipal Almeida Garrett entre os dias 25 de abril e 22 de junho, mais de 40 dias para comemorar os 40 anos da Revolução dos Cravos.