Depois do duplo empate com os alemães do Eintracht Frankfurt, o FC Porto garantiu a passagem aos oitavos-de-final da Liga Europa e procura, agora, alcançar a primeira vitória caseira da época nas competições europeias. Neste registo negativo, contam-se os jogos da Liga dos Campeões (1-2, contra o Atlético de Madrid, 0-1, contra o Zenit, e 1-1 com o Áustria de Viena) e da competição em que estão agora inseridos (2-2 com o Eintracht).

Os comandados de Luís Castro, que assumiu o banco portista após o despedimento de Paulo Fonseca, chegam ao jogo com a equipa napolitana depois de regressarem às vitórias frente ao Arouca, por esclarecedores 4-1. O Nápoles afigura-se como um adversário complicado e é olhado como uma equipa de nível de “Champions”.

Depois de ter vencido a Roma na última jornada da Serie A, a equipa de Rafa Benítez soma 55 pontos e está na terceira posição do “Calcio”. O Nápoles chega ao Dragão com um percurso europeu semelhante ao do FC Porto: foi relegado da Liga dos Campeões para a Liga Europa e derrotou o Swansea City do País de Gales.

Para António Sousa, antigo jogador do FC Porto (que se sagrou campeão europeu pelo clube em 1987), o Nápoles chega ao Estádio do Dragão em vantagem. A fragilidade defensiva que tem sido recorrente, esta temporada, no clube das Antas, pode comprometer as aspirações dos “dragões”. Sousa diz que as individualidades napolitanas podem fazer a diferença, mas o ex-treinador do Beira-Mar espera ver uma equipa “remodelada” por Luís Castro.

Onzes prováveis

– FC Porto: Helton; Danilo, Maicon, Mangala, Alex Sandro; Fernando, Defour, Carlos Eduardo; Quaresma, Varela, Jackson Martínez.

– Nápoles: Pepe Reina; Reveillère, Raúl Albiol, Fede Fernández, Ghoulam; Dzemaili, Inler; Callejón, Insigne, Hamsík; Higuaín.

Ataque demolidor e defesa pouco “italiana”

O Nápoles assenta o seu jogo num sistema de 4-2-3-1 e o “duplo pivô” suíço é chave essencial para o sucesso da equipa. Inler e Dzemaili são os responsáveis por garantir as transições ofensivas e assegurar o equilíbrio defensivo. No ataque reside a estrela maior da equipa: Gonzalo Higuaín.

Em conjunto com Hamsík, Callejón e Insigne (ou Mertens), formam um quarteto diabólico, muito móvel, capaz de executar diagonais com o objetivo de confundir marcações e desconstruir a organização defensiva dos adversários. Além destes atributos, há que juntar o “dedo de Benítez”. O treinador espanhol deixa uma imagem de frieza imperturbável na equipas que treina quando é hora de jogar a eliminar.

No entanto, os italianos denotam alguns pontos fracos que o FC Porto pode explorar. Na transição defensiva, o espaço entre os centrais e os laterais é demasiado extenso, fruto da acutilância ofensiva de Reveillère, à direita, e Ghoulam, à esquerda. A isto junta-se a pouca solidariedade dos extremos na hora de prestar auxílio aos laterais. Ainda no setor mais recuado, o FC Porto pode tirar partido do jogo aéreo, visto que o Nápoles apresenta dificuldades neste aspeto nas bolas paradas defensivas.

No fundo, pode-se depreender que o Nápoles é uma equipa temível no aspeto atacante, mas algo permeável no setor mais recuado. Se estiver em dia sim, a equipa que veste de azul e branco pode tirar partido do fator caseiro e tentar aproveitar ao máximo os erros crónicos napolitanos. É o primeiro teste “a doer” para Luís Castro ao leme do FC Porto. Os bombardeiros de Nápoles chegam ao Dragão com os “quartos” em vista, mas desta vez o Porto quer mesmo fazer o papel de mau anfitrião.