Já é. O Porto é terreno fértil para o nascimento e crescimento de dezenas de empresas. De outras terras chega quem vem buscar sementes que dão fruto lá fora. Kristian Lindwall é um exemplo de como o “pequeno” Portugal, aos olhos do mundo, produz grandes feitos tecnológicos. Líder da equipa da Spotify, Kristian veio à procura de novos conhecimentos e desafios, à cidade que chama “hub” tecnológico (um pequeno centro que produz para o mundo).

O líder da Spotify afirma que “é realmente entusiasmante conhecer algumas das melhores empresas portuenses” e que “há muita gente motivada”. “É interessante perceber o que se está a fazer por aqui…”, diz.

E o que se faz por aqui? No Porto, criam-se empresas inovadoras, com diferentes culturas de trabalho, formam-se profissionais, produz-se tecnologia de ponta.

No Porto é “start” e “up”

Inês Silva é fundadora da organização portuense Startups Pirates, dedica-se a “acelerar pessoas e ideias”. Desde 2011, que trabalha com o conceito de “startup”: empresas com menos de três anos, de base tecnológica, com um negócio de escalada internacional. Organizações como a Startups Pirates fazem de uma ideia, um negócio. Têm como objetivo ser uma marca do empreendedorismo criada em Portugal para o mundo.

Atualmente, Inês está a fazer um levantamento de startups na cidade do Porto e conta entre 70 a 80 jovens empresas. A partir de 2009, o Porto desenvolveu um ecossistema de empreendedorismo tecnológico: multiplicação de startups, surgimento de incubadoras e programas de startup, a par com mais e mais conferências e iniciativas.

“Brainstorming” tecnológico

Kristian e Inês partilharam ideias com mais 300 “geeks”, na primeira conferência internacional de tecnologia no Porto, no passado dia 15 de março.

A conferência organizada pela Blip pretendia marcar um ponto de partida na construção de um hub tecnológico. Segundo Luís Simões, organizador da conferência, esta tinha um duplo objetivo: por um lado, espelhar o que se faz de bem “cá dentro” e, por outro, receber as novidades “lá de fora”. E, assim, contou com oradores como Kristian Lindwall, Inês Santos Silva, Rui Barroca – consultor da Birtish Airways -, entre outros.

Por exemplo…

Uma das startups mais bem-sucedidas é a Blip, uma empresa de software. Nasceu em 2009, da vontade de dois jovens engenheiros informáticos. Começou a funcionar na casa de José Fonseca, um dos fundadores. Hoje, encontra-se num edifício de 1500m2 no centro do Porto. Em 2010, a Blip foi adquirida pela multinacional Betfair. Conta com 180 colaboradores e continua a contratar. Em 2014, foi considerada pela Accenture a sexta melhor empresa para se trabalhar em Portugal.

Em ambiente descontraído, centenas de jovens ouviram as melhores lições de visionários que são bem-sucedidos. Rui Barroca salienta a importância de conferências como esta, que além de juntar profissionais, atrai centenas de estudantes, “as mentes que mais tarde vão trabalhar cá e espero que se mantenham cá, pois o norte está em força”.

Universidade: máquina de mentes brilhantes

Também Inês Silva destaca o papel do ensino universitário na evolução da tecnologia na Invicta. Nos últimos anos, a Universidade do Porto (UP) foi uma das principais impulsionadoras do facto de a cidade se ter tornado tão rapidamente um hub tecnológico. O impulso assenta na UPTEC, como incubadora de startups, e nas faculdades, como formadora de profissionais.

Clara Gonçalves, assessora executiva da UPTEC, considera que o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC) é o player mais importante da cidade, por apoiar a transferência de conhecimento e tecnologia entre a universidade e o mercado.

O Pólo Tecnológico da UPTEC (UPTEC – TECH) acolhe mais de setenta startups e tem um papel importante na valorização económica do conhecimento da Universidade do Porto. Jovens empresas ficam no Parque a incubar durante mais ou menos três anos e, quando consolidadas, saem de lá para o mercado.O objetivo é que estas empresas se internacionalizem (pois Portugal é um pequeno mercado), mas mantenham sede na cidade do Porto, de modo a povoarem e revitalizarem a região.

Clara explica ainda que a UPTEC, operacional desde 2007, é financiada pela União Europeia e pela Universidade do Porto. Em quase oito anos, o investimento total ronda os 29,5 milhões de euros. Em 2012, de acordo com um estudo realizado pela Faculdade de Economia (FEP), 79 empresas da UPTEC contribuíram 31,8 milhões de euros para o PIB nacional, “o que constitui um impacto positivo para a região e para o país”, nas palavras de Clara Gonçalves. Em 2013, a UPTEC foi eleito o melhor projeto europeu de “Crescimento Inteligente”, pela RegioStars.

A história repete-se. Hoje, parte deste Porto a UPTEC, como um barco que leva as inovações tecnológicas que as startups portuenses produzem para todo o mundo. As âncoras estão lançadas.