O Teatro Nacional de São João e o Teatro do Vestido levam a peça “Até comprava o teu amor (mas não sei em que moeda se faz esta transação)” aos lugares mais íntimos do Palacete.

“Nós chegámos aqui no primeiro dia de ensaios e aqui construímos tudo”, conta Joana Craveiro, diretora da peça. Esta lógica, de usar o palco como ator principal da peça não é nova e vem no seguimento da linha de trabalho da companhia que, por ter sobrevivido, durante muito tempo, sem espaço viu-se obrigada a desenvolver uma opção estética e artística diferente do palco convencional.

À venda

Entre 1975 e 2008 foi o teto do Conservatório de Música do Porto e, nos últimos anos, tem recebido actividades de cultura e lazer. Mas surgiu no final de 2013 na lista de imóveis a alienar. O prédio coberto por azulejos ingleses, adquirido pela Câmara em 1966 está agora à venda. O edifício da Rua da Maternidade está avaliado em 2,585 milhões de euros.

Esperam-se cerca de 70 espectadores por noite que serão divididos em grupos de dez. No total, os atores confessam, sete vezes, num registo íntimo, as flutuações do mercado do amor.

Daniel Pinto, Miguel Bonneville, Rosinha Costa, Simon Frankel, Tânia Guerreiro, Vitor Hugo Pontes são anfitriões que verão a sua privacidade invadida até ao dia 6 de abril: “Eu gosto de estabelecer uma relação de intimidade com o público. Sempre gostei.”, diz a autora dos monólogos.

Dia mundial do teatro é premiado com cinco estreias

Várias pancadinhas de Molière vão ecoar no Teatro Nacional de São João. O dia mundial do teatro teve ante-estreia e abriu cortinas no início de março. “O Segundo Raio de Luz de Luar”, de António Rodrigues, inaugurou o palco e “O Filho de Mil Homens”, de Valter Hugo Mãe, vai continuar a receber palmas até dia 30 de março, no Teatro Carlos Alberto. O nome do escritor sobe a palco a convite da companhia Teatro Bruto pela quarta vez.

Teatro a custo zero

Como celebração do Dia Mundial do Teatro, o TNSJ oferece dois bilhetes por pessoa para as quatro peças em exibição no Mosteiro de São Bento da Vitória, Teatro Nacional São João, Palacete Pinto Leite e Teatro Carlos Alberto. Os bilhetes estão sujeitos aos limites das salas e podem ser levantados a partir das 14 horas nos locais habituais.

Enquanto o Teatro Carlos Alberto se faz “pai de mil homens”, até à mesma data, o Mosteiro de São Bento da Vitória transcende ao amor de “Paus e Pétalas”, com a coprodução do TNSJ, Circolando, São Luiz Teatro Municipal e Centro Cultural Vila Flor.

Ricardo Pais dedica-se aos dois dos protagonistas desta geração nunca decadente. “Al mada nada”, homenageia Almada Negreiros a partir dos seus textos e estará em cena do dia 26 de março, pelas 23h, no TNSJ depois da representação de “Turismo Infinito” (20h). Até ao dia 29 de março será possível assistir a um espetáculo que conjuga teatro e dança urbana e que tem como mote textos do futurista do século passado.

Arte com arte se paga e, ainda que não se saiba qual a moeda de transação, o Dia Mundial das Artes Cénicas recebe, a partir do dia 27 de março, a peça acima mencionada, fruto dos monólogos de Joana Craveiro.

“As cidades podiam ser claras e lavadas”, os quartos não deviam ser construídos virados para norte. O Dia Mundial do Teatro conhece o lado contrário da moeda e convida-o a ser confidente de histórias de desamor ou esperança.”Vamos celebrar uma matriosca de despedidas”.