A Associação Cultural Hindu, na Rua da Boa Viagem, no Porto, é um espaço dedicado ao hinduísmo e à comunidade indiana. Paresh Thakrar, presidente da instituição, diz que já contaram com cerca de “mil membros”. Diminuíram nos últimos cinco anos, já que a crise levou ao aumento da emigração. Atualmente, apenas 20% dos que frequentam a associação, em Portugal desde 1974, vieram diretamente da Índia – os restantes são oriundos de Moçambique.

O apoio e a integração não são apenas, no entanto, destinados aos hindus. Apesar da base religiosa, Paresh garante que todos são bem-vindos na comunidade. No salão da Rua da Boa Viagem, existe espaço para “toda a parte desportiva, destinada aos jovens” e são ensinadas danças tradicionais ou o gujarati, um dos idiomas oficiais da Índia.

Sikhismo em Portugal

O Sikhismo é uma das regiões com maior representatividade na Índia. Fundada na região do Punjab, partilhada com o Paquistão, conta com cerca de 20 mil seguidores em todo o mundo. Em Portugal, a comunidade tem mais de cinco mil membros e estão quase todos concentrados na zona de Lisboa.
No Porto, o pequeno santuário que a comunidade tinha na Rua das Doze Casas fechou há cerca de meio ano. Alguns sikhs mudaram-se para a capital, onde todos os domingos se reúnem na gurdwara, espaço de culto da comunidade.

Diwali, o natal indiano

Entre as diferentes cerimónias típicas da cultura hindu, destaca-se o Diwali (também celebrado pelas religiões sikhismo e jainismo, ainda que com algumas diferenças). Conhecida como a Festa das Luzes, a celebração prolonga-se por cinco dias.

Benita é uma das muitas jovens no espaço da Associação a festejar o Diwali. Nasceu em Portugal, mas é descendente de indianos. Está vestida a rigor com um traje indiano – provavelmente novo, como pede a tradição. A cerimónia, explica, “é como se fosse a vitória do bem sobre o mal. Fazemos as nossas rezas e tradições, mas o mais importante é juntar a família, conviver, fazer jantares”.

Enquanto os homens tiraram os melhores fatos do armário, as mulheres usam as roupas típicas, que normalmente não usam no dia a dia. Quem o diz é Neha Shreya, estudante de intercâmbio na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, que admite ter deixado as calças de ganga de lado especialmente para a celebração. A jovem diz que celebrar o Diwali com a Associação é uma forma de se “sentir em casa, com alguns dos costumes e os elementos divinos”. Fica só a faltar o fogo de artifício, também parte da tradição.

Associado à importância do negócio, está o ritual que dá início à noite, o Puja, no qual apenas os homens participam. Sentados numa mesa em forma de U decorada com símbolos hindus, aqueles que têm negócios fecham contratos e esperam que estes sejam abençoados pela deusa Lashmi. “A maior parte dos indianos estão ligados ao negócio, desde a restauração à construção e ao comércio geral. Pedimos benção para que o negócio corra bem durante o ano”, explica.

A seguir ao ritual, há tempo para orações cantadas, um jantar com apuradas iguarias típicas da Índia e um desfile no qual as crianças da comunidade participam, disfarçando-se de deuses hindus. Paresh conta que esta é uma forma de manter a cultura indiana também entre os mais novos, já nascidos em território português.

Depois das primeiras tradições, há mais quatro dias de festa. O Diwali, o primeiro, equivale ao Natal e é o mais importante. A esta, seguem-se mais duas celebrações principais: o ano novo, com a passagem para o ano de 2070, e o Bhau-beej “uma festa de união entre irmãos e irmãs, para que se apoiem uns aos outros.”