O Inspetor Zé e o seu robô estão encarregues de procurar um caloiro que foge da praxe académica. É este o argumento de “Praxe do Gangue das Capas Negras”, um jogo retro que tem o objetivo de pegar em algo real e que percorre a sociedade portuguesa há vários anos.

O Dux já com muita idade é uma das personagens que tem o estereótipo levado ao exagero. Não escapam também a típica rapariga que se limita a reproduzir o que o superior profere ou um miúdo que só pensa em comer. Filipe Pina, criador do projeto, explica que “é o tipo de comédia em que tudo é exagerado, mas o próprio jogo é assim” e que essa sátira se alarga também ao polícia, ao inspetor e às restantes personagens.

Apesar de ter pegado num tema que voltou com força à atualidade, o criador garante que não se tentou aproveitar da morte dos cinco jovens na praia do Meco. “A única coisa a que fazemos referência é o facto de que há praxe e que as praxes são executadas”, esclarece o também co-fundador da produtora Nerd Monkeys. No entanto, tem consciência de que há sempre vozes críticas e gente que pode acusar o jogo de ser exploratório. “Mas não é, porque é gratuito, não estamos a ganhar dinheiro com isso”, garante.

Críticas são “normais”

Filipe Pina considera “normal” possíveis críticas que possam surgir e que é imperativo o mundo dos videojogos “refletir a sociedade e não estar fechado em si mesmo”. Assim, o jogador pode decidir o que é certo e o que é errado, devolvendo ou não o caloiro ao gangue.

A ideia de criar uma mini-história gratuita já vinha de trás. Para isso, os criadores quiseram expandir a história do “Inspector Zé e Robot Palhaço”, permitindo a que quem já tenha jogado a história do “Crime no Hotel Lisboa” tenha algo novo para jogar.

A adesão ao “Crime no Hotel Lisboa“, o jogo que deu origem ao “Praxe do Gangue das Capas Negras“, teve uma boa adesão por parte dos mercados americano, alemão, japonês e do Reino Unido. “As pessoas gostaram muito de ver a nossa cultura refletida, compreenderam porque é que tinhamos um restaurante com fado”, mas “houve quem não gostasse, achou que estávamos a exagerar e a ser demasiado violentos”, referiu o criador ao JPN. O jogo está disponível gratuitamente para Windows, Mac e Linux.