Um estudo, realizado pelo Center for the Study of Women in Television and Film, analisou os cem filmes mais lucrativos de 2013 para comparar a representação dos homens e das mulheres no mundo do cinema. As conclusões são claras: das 2300 personagens analisadas, as mulheres representam uma minoria. Apenas 15% dos protagonistas são do sexo feminino. De entre todas as personagens, 30% são mulheres.

Jorge Marinho, professor do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto, analisa estes dados e considera que esta representatividade em termos de género não é proporcional à realidade, referindo também que as próprias audiências destes filmes são compostas, em grande parte, por mulheres.

Realizadoras e produtoras

Atrás das câmaras, as mulheres estão também em menor número. De acordo com dados do Women’s Media Center, no ano passado, em Hollywood, as mulheres foram apenas 16% dos realizadores, 10% dos argumentistas e 25% dos produtores: um tema também referido por Jorge Marinho.

Também a representação demográfica foge à realidade. Mais de 70% das personagens femininas são caucasianas, deixando para segundo plano as afro-americanas, latinas, e asiáticas.

“Volver” (2006), “Precious” (2009) ou “Os Anjos de Charlie” (2000) são exemplos de filmes de sucesso que tiveram como protagonistas, actrizes “de minorias” – Penélope Cruz, Gabourey Sidibe e Lucy Liu, respetivamente.

A atratividade feminina

A idade das personagens do género feminino concentra-se na casa dos 20 e dos 30, enquanto que a idade média dos homens é superior. Sobre este ponto, Marinho acredita que o que determina esta escolha é, sem dúvida, o fator de atratividade sexual entregue às mulheres.

Em análise a cenas de cariz erótico em filmes antigos e em filmes mais recentes, Marinho denota uma evolução. No filme “A Mulher Que Viveu Duas Vezes” (1958), a posição da mulher, quando beijada pelo homem, denuncia, segundo Marinho, um domínio por parte do sexo masculino, ao contrário de cenas de filmes mais recentes, como por exemplo, no filme “O Lobo de Wall Street” (2003).

Emprego e objetivos de vida

É mais frequente identificar-se o estado civil nas mulheres que nos homens. Apesar de não se mencionar uma ocupação à maior parte das personagens, as mulheres estavam mais empregues em cargos de “colarinho azul”.

Quanto a objetivos de vida, a discrepância é maior entre os homens que têm, claramente, mais preocupação com a carreira do que com a vida pessoal. No entanto, Marinho julga ser um estereótipo crer que o sexo masculino é mais desequilibrado a este nível, quando se pesa na balança o lado racional e o lado emocional.

Os homens têm também mais frequentemente o papel de líderes, quer políticos (89%), quer sociais (77%), quer empresariais (84%): uma visão que Jorge Marinho diz ser reflexo da sociedade, apesar de já se ter discutido a necessidade de alterar estes padrões.