Devia ter ficado concluída em setembro, mas houve muitos entraves à pintura da fachada do edifício na Rua de Diogo Brandão. No dia 27 de março foram retirados os últimos andaimes. Moram agora três personagens de Dom Quixote de La Mancha, no cruzamento com a Rua de Miguel Bombarda.

A iniciativa partiu do projeto RU+A, que teve o intuito de dinamizar a Rua de Cedofeita. Com a participação da Circus, Mesk, Fedor e Mots não tinham intenções de pintar D. Quixote, mas o projeto inicial não agradou aos proprietários do imóvel. Apesar disso, Mesk está “satisfeito” com o resultado final. “É a utopia do graffiti dentro das galerias e na Miguel Bombarda como sendo aceite como uma arte mais fina”, explica.

Ana Muska, da Circus, esclareceu ao JPN que o atraso na conclusão do trabalho se deveu à burocracia e ao mau tempo. Foram feitas várias as tentativas de licença para pintar, “depois era preciso uma licença específica para os andaimes”, o que dificultou o processo, tendo levado mesmo à perda de patrocínios. “O tempo também não ajudou” e só com a ajuda de populares é que que foi possível recolher 500 euros para avançar definitivamente com o projeto.

A licença foi atribuída pelo Executivo de Rui Rio, foi alargada devido aos atrasos e terminou no fim de março. Agora não é possível voltar a pintar naquele muro. Ana Muska garante que a vizinhança ficou contente “por ter ali uma peça decente” e que algumas pessoas até levavam chá, aos grafitters, às seis da manhã.

Portas abertas para mais iniciativas do género

Muska não tem dúvidas de que este projeto foi um abrir de portas para mais iniciativas do género. Depois do graffiti de Miguel Bombarda “já foram pintados outros”, por exemplo, “um perto da Trindade e outro próximo da Casa da Música”, enumera. A Circus está a organizar um festival para junho e a ideia é pintar várias paredes, mas ainda não há datas confirmadas.