Alguns já se conheciam e eram amigos. Outros souberam da ideia através de conversas ou do passa a palavra. Neste momento, já são, ao todo, 26. Arquitetura, Medicina, Economia, Direito ou Cinema são algumas das áreas destes jovens que, embora com pontos de vista muito diferentes, têm o mesmo propósito: dar uma nova vida à cidade Invicta. Foi assim que, em dezembro do ano passado, nasceu o “Ideias à Moda do Porto”.

Foi pela necessidade de discutir os problemas existentes no Porto que Luís Pinto decidiu fazer deste projeto a sua voz. O estudante de Medicina considera que “a cidade é muito discutida durante as eleições” e que, terminado o período de campanha, “essa discussão fica protelada até às próximas”. “Nós achamos que os problemas da cidade não existem só nessas alturas”, afirma Luís.

Embora tenham um arquivo com mais de uma centena de sugestões, o grupo ainda só tem expostas 28 ideias. A importância do turismo, das hortas urbanas e a reabilitação de algumas áreas míticas da cidade são algumas das sugestões propostas na plataforma online. O objetivo do grupo é disponibilizar cerca de duas ideias por semana.

Mas nem só de ideias internas vive o projeto. O grupo quer, acima de tudo, que a população local participe e, por isso, a discussão está aberta ao público. “Queremos que o público nos apresente problemas e ideias”, solicita o estudante de Medicina.

Apesar de o projeto servir apenas como plataforma de exposição de ideias, o grupo sente que, no futuro, pode vir a ser mais do que isso. Frederico da Silveira, formado em Arquitetura, é um dos membros do projeto que já nota que “o grupo começa a atingir cada vez mais pessoas” e que, portanto, “se calhar fazia sentido não só fazer a exposição das ideias bem como pô-las em prática”.

Relativamente às ideias já expostas, algumas foram recebidas de uma forma bastante positiva. Uma delas é a criação de parques para canídeos que foi já aproveitada por um grupo. “Pediram-nos autorização para saber se podiam aproveitar a nossa ideia e expô-la na Câmara de Matosinhos”, explica Frederico.

Este é um caso de sucesso que traz muito orgulho aos criadores do projeto. No entanto, o arquiteto reforça a importância da possível associação com “a autarquia ou com outras associações para pôr algumas das ideias em prática”.

“As Grandes Ideias Históricas do Porto” com Joel Cleto

No passado dia 28 de março, o “Ideias à Moda do Porto” teve a sua primeira intervenção pública. Na Casa da Cultura de Paranhos e com a presença do historiador Joel Cleto, a tertúlia teve como tema “As Grandes Ideias Históricas do Porto”. O debate teve uma adesão muito positiva, sendo que cerca de 100 pessoas estiveram presentes no evento. Para o futuro, fica a promessa de organizar mais eventos deste género relacionados com outras temáticas.

Dar ao Dallas uma nova vida

Outro caso no qual o projeto tem dado alguma atenção é o centro comercial Dallas. Abandonado na zona da Boavista, o grupo acredita que este pode ser um “centro de reunião das pessoas”. Com um plano que passa pela criação de duas vias de acesso pedonal, uma loja do cidadão e um espaço de co-working, o “Ideias à Moda do Porto” quer devolver à invicta aquele que foi um dos primeiros centros comerciais da cidade.

Como afirma Frederico, a criação destes dois órgãos pode ser algo muito benéfico porque são “necessários à cidade”. “A loja do cidadão serve como um eixo de angariação de pessoas e o co-working é um conceito que não existe muito na cidade do Porto. Como nós, de certeza que há mais pessoas que gostariam de ter um espaço assim para trabalhar”, garante o arquiteto.

Para já, o principal objetivo é fazer com que o projeto chegue a mais pessoas. A participação dos portuenses e “a possibilidade de fazerem perguntas e lançarem ideias” é algo que os jovens ambicionam para o bom andamento do projeto. Para o futuro, fica a iniciativa de continuar a desenvolver mais tertúlias, como é o caso da conferência com o historiador Joel Cleto (ver caixa).