Em 2014, há Espaço para quê?

Alguma vez na vida, todos olhamos para o céu e questionámo-nos sobre o que vemos, o que isso significa e o que há para além do que está a “olho nu”. Nesse divagar, a maioria de nós sonha em partir numa aventura supersónica, entrar num foguetão e partir à descoberta dos segredos guardados além da atmosfera terrestre.

Também a maioria de nós fica a anos-luz de concretizar esse sonho, mas tal não significa que não possamos olhar e sonhar com as estrelas. Pedro Mondim, do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), orienta-nos numa viagem ao espaço no ano 2014, a partir de Portugal.

Cometas

Os cometas são blocos de gelo e poeiras que giram em torno do Sol, mas longe deste. Ocasionalmente, a órbita de algum cometa pode ser perturbada (por exemplo, por passarem próximo de um astro grande) e podem ser desviados em direção ao interior do Sistema Solar.

Os que conseguem adquirir uma órbita estável visitam-nos regularmente, como é o caso do famoso cometa Halley, que passa perto da Terra a cada 75 ou 76 anos. Quando se aproximam do Sol, a sua temperatura aumenta e começam a libertar gases e poeiras ao longo do seu trajeto, dando origem às caudas que chegam a estender-se, nalguns casos, por centenas de milhões de quilómetros.

Este ano, o céu não será rasgado por nenhum cometa facilmente visível. Ainda assim, dois cometas vão brilhar ao máximo a meio de setembro e de outubro. No entanto, para os ver, só num local sem poluição luminosa.

Eclipses

Já a 15 de abril, será possível ver um eclipse da Lua a partir de Portugal. Este será um eclipse total, contudo, a partir do nosso país, só conseguiremos ver a Lua a passar na penumbra.

O fenómeno tem uma explicação simples. Num eclipse da Lua, a Terra passa exatamente entre o Sol e Lua, impedindo que a luz do Sol chegue diretamente ao satélite do planeta azul. Desta forma, a Lua passa a ser iluminada apenas pela luz do Sol que atravessou a atmosfera da Terra e, nesse processo, foi desviada em direção à Lua. Assim, o satélite da Terra fica mais escuro e com uma tonalidade avermelhada.

Além dos eclipses da Lua, existe também o eclipse do Sol. Ao contrário do anterior, o eclipse do Sol ocorre quando a Lua passa exatamente entre a Terra e o Sol. Em 2014, em Portugal, não será visível qualquer eclipse do Sol.

Estrelas cadentes

Aquilo a que chamamos “estrelas cadentes”, entre os entendidos, dá pelo nome de chuva de meteoros e ocorre quando a Terra se “intromete no caminho” de alguns cometas. Ao longo da trajetória, os cometas deixam como que “grãos de areia”, que, ao entrarem na atmosfera da Terra, inflamam-se e deixam os rastos brilhantes que vemos no céu.

As chuvas de meteoritos têm uma grande variabilidade de intensidade de ano para ano e é difícil prever com certeza se uma dada chuva de meteoritos será muito ou pouco intensa. Para admirar com clareza estrelas cadentes é necessário esperar pelo final do ano e olhar para a constelação do Leão, a 16 de novembro, e para a constelação dos Gémeos, a 13 de dezembro.

Super Lua Cheia

Todos nós conhecemos as fases da Lua, mas o que muitos de nós não sabem é que a Lua também tem facetas e, às vezes, transforma-se em Super Lua Cheia.

Este ano, o fenómeno acontece a 10 de agosto. A órbita da Lua em torno da Terra não é um círculo perfeito, mas sim uma elipse e, consequentemente, a distância da Lua à Terra não é sempre igual. Quando uma fase de lua cheia coincide com um dos momentos em que a Lua está mais próxima da Terra, dizemos que temos uma Super Lua Cheia e, então, o satélite da Terra parece maior do que o normal.

Planetas

Para encontrarmos os planetas do Sistema Solar, há que levantar as cabeças ao céu a 8 de abril para ver Marte e a 10 de maio para ver os anéis de Saturno, que estarão próximos e visíveis da Terra toda a noite.

Para os que vivem “no mundo da lua” e não querem esperar nem um dia para pedir desejos às estrelas, o céu manter-se-á todos os dias visível com um simples levantar de olhos.