Jorge Reis-Sá é um escritor português e consultor editorial. Formado em Astronomia e Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, estreou-se na escrita depois de ter ganho um prémio pelo primeiro livro de poesia “À memória das pulgas da areia”.

Ao longo dos anos tem lançado vários livros de poesia, como “Quase e outros poemas De Querença”, “A Palavra no Cimo das Águas”, ou a “Biologia do Homem”. A partir do ano de 2004 iniciou-se também na prosa com “Por Ser Preciso”, “Equílibrios Pontuados”, “Todos os Dias”, “Terra” e “O Dom”. “A minha poesia é muito narrativa e a minha prosa é muito poética”, descreve o escritor.

Ser poeta contemporâneo

Jorge Reis-Sá escreve poesia sempre que as circunstâncias o exigem. “O saudoso Manuel António Pina dizia que escrever poesia é uma comichão que nos dá nas costas e nós depois temos de coçar. Eu acho que é um bocado isso, quando tenho comichão, coço”, conta.

Em conversa com o JPN, Jorge falou sobre grandes nomes da poesia em Portugal, exaltando o seu caráter sofredor de quem vive da e para a poesia. “Para eles a Literatura é com ‘L maiúsculo’, e para mim não é, para mim a literatura é como editar livros, é um ofício”. De acordo com o escritor, é errado situar a poesia num patamar acima dos restantes géneros literários, pois a sua presença é uma constante no quotidiano.

Novo romance do escritor

De momento, Jorge Reis-Sá está a trabalhar no seu próximo livro, cuja publicação está prevista para o final de 2014. Este novo romance estabelece ligação com o primeiro, “Todos os dias”, que será reeditado na mesma altura.

No entanto, de acordo com o autor, os poetas prestam mais atenção aos pormenores do dia-a-dia que a maioria das pessoas ignora. Isto porque escrever poesia não é só contar uma história, mas sim contá-la “de maneira completamente diferente”. “É contar um momento, é dar uma impressão, é dar uma atmosfera diferente daquilo que estamos habituados a ver num ensaio ou num romance”, diz.

A par disso, “a poesia tem de ser concisa, seja em três ou trinta versos”, daí “a mania do perfecionismo [dos poetas], (…) aquela mania de tirar versos, pôr versos, andar sempre para trás”, explica. Mesmo assim, o escritor ressalta a maleabilidade do processo: “A palavra é uma coisa plástica”, o que lhe permite moldar a mensagem direcionada ao leitor. “Não preciso de estar deprimido para fazer textos muito deprimentes, nem preciso de estar efusivo para fazer um texto efusivo”, esclarece.

O escritor desmistifica ainda a ideia pré-concebida de que ser poeta é “ser mais alto”, e “ser maior que os homens”. “Não é nada disso. Florbela Espanca estava completamente enganada”, admite. Para Jorge Reis-Sá, “ser poeta é como ser feliz – ninguém é feliz, está-se feliz. E na poesia é estar-se poeta”.