No IPO também se diagnosticam sorrisos. “Um sorriso destes doentes é de uma felicidade extrema, pois dão importância ao que realmente importa”, sublinha Lurdes Carvalho, enfermeira.

Ao longo de quatro décadas, tudo mudou. As instalações cresceram e a forma como se olha para a doença também. Fernanda Valente acompanhou os primeiros passos deste instituto e, olhando para um trajeto de 35 anos, diz que “mudou tudo”. “Mudaram as condições de trabalho, o número de pessoas envolvidas, as técnicas. Mudou tudo para muito melhor”, garante. Permanece a vontade de crescer e multiplicar os casos de sucesso e o “calor humano”.

Todos os dias, esta casa recebe cerca de 1500 utentes, o que não é mau sinal. Os que periodicamente se deslocam ao instituto de oncologia, sozinhos ou acompanhados, com pais ou com filhos, são a “prova viva” do sucesso do trabalho de uma equipa de médicos, enfermeiros, investigadores e funcionários. Fãs e ídolos uns dos outros, a persistência e a esperança são as principais armas de luta, manuseadas tanto por aqueles que escolheram entrar nela, como por quem, contra a vontade, entrou.

Investigação também é alvo de aposta do IPO

A investigação é um dos pontos fortes do IPO. Para Manuel Oliveira, investigador no serviço de genética do IPO Porto, este centro tem tido um grande desenvolvimento, sobretudo nas terapias dirigidas a cada doente: “Cada vez mais o cancro está a ser definido pelas alterações moleculares que podem ser diferentes de doente para doente. Agora é necessário fazer uma análise do tumor, para definir qual é o tratamento mais apropriado para cada doente”, afirma.

O investigador destaca ainda o elevado número de colaboradores no IPO, realçando o importante papel do centro na investigação da oncologia em Portugal: “No último ano publicamos cerca de 80 artigos em revistas internacionais, cerca de 300 foram publicados nos últimos cinco ou seis anos e portanto nós damos uma contribuição muito grande para a investigação da Oncologia em Portugal”, afirma.

Apesar do crescimento do IPO ao longo destes 40 anos, Manuel Oliveira não esconde que o seu principal desejo é que a instituição obtenha mais investimento: “Espero uma árvore das patacas, que dê mais financiamento para fazermos aquilo que desejamos, que tem sido difícil”, conta.

Os primeiros passos

Em abril de 1974, o Centro do Porto do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil iniciou as suas funções após um período de preparação de mais de dois anos. Entre os fundadores do centro, destacaram-se nomes como o de João dos Santos Ferreira, doador do terreno e artífice da criação no Porto do Instituto de Oncologia e José Guimarães dos Santos. O IPO, que é membro ativo da European Organization of Research and Treatment of Cancer (EORTC), tem-se vindo a distinguir ao longo dos anos pelo dinamismo e lugar cimeiro na qualidade no tratamento dos doentes, pela atividade científica de alta credibilidade que desenvolve e pela qualidade do ensino que realiza na área da oncologia.

Todos estão convidados para cantar anos de vida

No dia do aniversário, o IPO do Porto passa a ser conhecido como Instituto Português de Oncologia e Esperança do Porto – uma mudança de nome que pretende assinalar o 40.º aniversário da instituição e dar um cunho positivo à data.

Há ainda um “mega” bolo, com camadas cheias de música e cobertura solidária. Pelas 21h, no Pavilhão Rosa Mota, sobem ao palco Tony Carreira, Quim roscas e Zeca Estacionâncio, André Sardet, Azeitonas e DJ’s Meninos do Rio.

A compra de bilhetes pode ser feita online e os preços variam entre dez (em pé) e 15 euros (na bancada). Os fundos revertem, na totalidade, para a melhoria das instalações, como consultórios, salas de espera e aquisição de equipamentos tecnológicos.

Mas durante os últimos 40 anos, cada dia é motivo de festejos. Lurdes Carvalho conta que “acontecem muitas vezes concertos, espetáculos ou ainda show cookings“. Porque cada um tem uma história, cada um tem a sua capa e a sua máscara, cada um tem o direito de acrescentar capítulos. Os “de bata branca” já fazem parte de páginas e páginas. Deixam para trás problemas pessoais, porque no IPO a história é outra e pode ter final feliz.

Dia 17 festejam-se anos de vida e sopram-se velas, desejando o sucesso de cada 10 mil novos casos diários. Destes, cerca de metade atinge a região norte e o IPO, do Porto, já tem as luvas calçadas.