A Páscoa é mais uma altura do ano em que os portugueses reúnem a família entre almoços e jantares. Mas os comerciantes portuenses dividem-se na discussão sobre a importância desta época para o negócio.

Com o início da primavera e do bom tempo as flores são um dos artigos mais procurados. “Como há a tradição do domingo de ramos de oferecerem ramos às madrinhas, nós acabamos por vender mais nesta altura”, explica Paula Lino, gerente de uma florista. Mas Olga Resende discorda. Para a florista do Mercado do Bolhão “é a mesma coisa”. “Os clientes andam todos fugidos agora”, diz.

Olga continua a dizer que “antigamente, nesta altura, estava farta de vender”. “Vendia-se muito, mas agora vende-se pouco. Se o povo não tem dinheiro para comer, quanto mais para flores”.

Mas nem só das flores se faz a Páscoa. Nas mercearias as expectativas não estão altas para esta época festiva. Celestina Moreira tem uma banca no Mercado do Bolhão e não nota que o negócio cresça na Páscoa. “São só aqueles clientes certos que já vem cá no resto dos outros dias, não tem de ser pela Páscoa, todas as semanas levam mais ou menos a mesma coisa”, garante.

A portuense não deixa escapar a oportunidade de falar das fracas infraestruturas do mercado mais conhecido da cidade Invicta: “isto perde um bocadinho por não ter estacionamento e as pessoas não estão para vir cá e quando chegarem lá fora terem uma multa, como acontece muitas vezes”.

Para Maria Gonçalves, que trabalha numa pequena mercearia, são os doces que fazem a diferença no negócio. A comerciante diz que o comércio “melhora um pouquinho na Páscoa, mas nada por aí além”. São “as amêndoas, o pão de ló e os doces típicos da Páscoa” que fazem os lucros aumentarem nesta época.

Se muitas das tradições da Páscoa tem sido esquecidas, o mercado tradicional também não sai ileso nas épocas festivas. Com um maior ou menor aumento, este não é suficiente para satisfazer os bolsos dos comerciantes que continuam à espera que o coelhinho da Páscoa lhe traga mais clientes.