Ao lado da placa, uma porta. Entrada para a busca e vivência da fé batista. É aqui que, todos os domingos, Rita Seguro vem para se renovar. “Eu saio de lá ao domingo renovada! E chego lá ao domingo de manhã a precisar dessa renovação”, diz, num suspiro.

O que hoje é uma necessidade, começou por ser um “bichinho.” Rita não “nasceu na igreja”, foi uma amiga que a levou, ainda criança, a um dos acampamentos patrocinados pela Igreja Evangélica Batista. Apesar das brincadeiras e dos passeios em pleno verão satisfazerem o seu jovem espírito, foram as conversas e as histórias bíblicas que lhe despoletaram a curiosidade. Ano após ano sucediam-se os acampamentos e a fé sazonal deu lugar a uma fé constante e segura: “Senti que era o meu lugar e que não havia hipótese de Deus não existir ao pôr-me neste lugar”.

O batismo

Rita escolheu uma vida ligada a Deus. Para tal, desceu nas águas e voltou a subir numa cerimónia conhecida como batismo de imersão. Segundo os costumes evangélicos batistas, o momento do batismo é inteiramente decidido pelo crente, que o deve fazer quando se sentir pronto para receber Deus na sua vida. Mergulhado nas águas, o crente volta a emergir purificado e pronto a viver uma vida de fé. Da sua boca vem a confirmação: “Eu aceito que Jesus seja o meu Senhor e o meu Salvador”.

Mas será tal certeza desprovida de dúvida? Rita prefere chamar-lhe questionamento. Questiona-se para aprofundar a sua fé e encontrar algumas respostas: “Acho que é realmente importante uma pessoa questionar-se, porque nada é certo e a Bíblia tem todas as respostas, só que nós, muitas das vezes, não as conseguimos encontrar”. É precisamente para ajudar a compreender o que foi “escrito por linhas tortas” que Rita ajuda os mais novos na Escola Dominical.

A Escola Dominical

Aos domingos, a vida de Rita na igreja começa mais cedo. Antes do culto, reúne-se com os mais novos para falar sobre a Bíblia. Fala-lhes da arca de Noé, dos mandamentos entregues a Moisés e da história de Abraão. “É preciso termos alguém que nos oriente na nossa leitura, porque se nós queremos praticar a nossa fé em casa, temos de saber como a fazemos e nós não temos o pastor lá em casa…”, diz a jovem.

Não são só jovens que vão à Escola Dominical, também os mais velhos a frequentam. São divididos em faixas etárias e o discurso adapta-se às idades. Para Rita, mais do que orientar a leitura da Bíblia, é importante desmistificá-la. “Às vezes aquele livro é um tabu, uma coisa para estar na estante, mas não é, é algo para ter na mesinha de cabeceira”.

Os jovens

Além de lidar com os mais novos na Escola Dominical, Rita empresta a sua voz ao “Louvor”, o coro. Muito do tempo de Rita é passado na igreja, ora com os mais novos ora a cantar, mas, acima de tudo, como uma crente convicta e segura em busca de um aprofundamento da sua fé. Uma crença que tenta fazer chegar aos outros. “Estar numa vida ligada a Deus tem muitas exigências e acaba por existir quem fuja. Mas, por norma, os jovens aderem bem, aderem com vontade de pertencer à Igreja Batista”, admite.

Em contraste com os que ficam e optam por uma vida ligada a Deus, estão os que partem, aqueles que escolhem uma vida longe da igreja ou até mesmo longe da fé. Para Rita, é um sinal dos tempos. “Primeiro por influência dos media, da televisão que cada vez mais nos atira para um mundo não religioso. Até na escola nós somos influenciados com isso, porque nós não estudamos o criacionismo, só estudamos o evolucionismo”.

É precisamente na escola, lugar da razão, que, na opinião de Rita, devia haver espaço para a fé. Não num modelo de culto ou devoção, mas de “acesso a essa informação, de que existem inúmeras religiões que talvez eles nem conhecem”. Um desconhecimento que a própria assume: “Para mim, os evangélicos eram aqueles coros muito grandes negros na América que cantavam a bater palmas. Não fazia realmente ideia do que era a religião evangélica e, se tivesse acesso na escola, quem sabe se não tivesse chegado mais cedo”.

Mais do que a hora a que se chega, é a forma como se vive a partir da chegada. Quanto ao fim, desconhecemo-lo e talvez nunca saibamos dele. Independentemente dos pontos de partida e chegada, Rita já descobriu o seu caminho: “Eu digo sempre que a minha vida na igreja é uma vida feliz e esse é o maior valor que a igreja me dá”.