A história europeia de Benfica e Sevilha partilha a mesma génese. É necessário viajarmos uns anos atrás para descobrirmos a raíz da caminhada europeia de andaluzes e lisboetas, até à distante temporada de 1957/58. Sevilha e Benfica estrearam-se na Taça dos Campeões Europeus desse ano, nos 16-avos-de-final – na altura não havia fase de grupos – e apadrinharam-se nestas andanças.

Numa eliminatória disputada a duas mãos, o primeiro jogo realizou-se em território espanhol, com a vitória a sorrir à equipa da casa, por 3-1. Em Lisboa, registou-se um empate a 0 e o Sevilha seguiu rumo aos oitavos-de-final da competição. Só viria a cair nas meias-finais, numa eliminatória ganha pelo Real Madrid, por um esclarecedor agregado de 10-2.

Cinquenta e sete anos depois, “águias” e rojiblancos voltam a encontrar-se, desta vez na final da Liga Europa. Finalista vencido na temporada passada, o Benfica de Jorge Jesus regressa, este ano, ao jogo decisivo da competição. O emblema português procura a primeira conquista na prova (Liga Europa/Taça UEFA), tendo sido finalista vencido em 82/83 e 2012/13. O Sevilha, dos portugueses Beto, Carriço e Diogo Figueiras, que eliminou o FC Porto nos quartos-de-final, busca o terceiro troféu na prova, depois de triunfos em 2005/06 e 2006/07.

A maldição de Belá Guttman

Belá Guttman é um nome incontornável na história do Benfica, por todos os motivos e mais algum. Não se pode considerar que o húngaro seja uma maldição para o emblema lisboeta, bem pelo contrário, mas existe o mito de que lançou uma maldição. Bi-campeão europeu ao comando das águias (60/61, 61/62), o treinador húngaro afirmou, na despedida da Luz, que “nem em 100 anos” o Benfica ia conquistar outra Taça Europeia sem ele. A verdade é que, desde então, o Benfica disputou sete finais europeias e não venceu qualquer uma delas. Esta quarta-feira, em Turim, os comandados de Jorge Jesus podem pôr fim a uma maldição que dura há 52 anos.

As “águias” chegaram à Liga Europa via “Champions”. No grupo C da Liga milionária, juntamente com o Paris SG, o Olympiacos e o Anderlecht, o emblema português conquistou o terceiro lugar, com 10 pontos, os mesmos que o segundo Olympiacos, que seguiu em frente por vantagem no confronto direto. Pelo caminho eliminaram o PAOK, num agregado de 4-0, o Tottenham, num conjunto de 5-3, o AZ Alkmaar, com 3-0 nas duas mãos, e a Juventus, por 2-1, também no conjunto dos dois jogos.

Por sua vez, o Sevilha venceu o grupo H da Liga Europa – onde constava o Estoril Praia, o Friburgo e o Slovan Liberec -, com 12 pontos. Três vitórias e três empates conduziram os andaluzes até aos 16-avos-de-final da prova. Nesta fase defrontaram e ultrapassaram – com algumas dificuldades – o Maribor, por 4-3 nas duas mãos. Nos oitavos-de-final deixaram pelo caminho o Bétis, eterno rival sevilhano, numa eliminatória que só se resolveu nas grandes penalidades, depois de um empate a 2 no conjunto dos dois jogos.

Nos quartos-de-final eliminaram o FC Porto, por 4-2, mesmo tendo perdido o primeiro jogo no Dragão por 1-0. Venceram no Sanchéz Pizjuan por esclarecedores 4-1 e rumaram às meias-finais, onde encontraram os compatriotas do Valência. Com 3-3 na eliminatória, os andaluzes chegaram à final por marcarem um golo fora, na derrota em Valência por 3-1.

Finalista histórico

O SL Benfica desta temporada desafia todos os números. Em todas as frentes – campeonato e Taça da Liga já conquistados -, o emblema português alcançou a final de Turim sem derrotas. É a primeira equipa da história da Liga Europa a chegar ao jogo decisivo invencível. Seis vitórias e dois empates no caminho até Turim.

O reencontro com Reyes

A final desta quarta-feira tem outro ponto de interesse: José Antonio Reyes. O espanhol, dos quadros do Sevilha, reencontra o Benfica, depois de em 2008/09 ter vestido de “águia” ao peito, por empréstimo do Atlético Madrid. Reyes conta com dois troféus da prova no palmarés e procura enriquecer um currículo invejável, com a terceira Liga Europa.