Desporto: O canto mais famoso foi há 50 anos

No estádio Deurne, hoje conhecido como Bosuilstadion, o Sporting escreveu as primeiras linhas do clube na história do futebol europeu. Era o dia 15 de maio de 1964 e decorria a finalíssima da Taça dos Vencedores de Taças, competição entretanto extinta pela UEFA.

Depois de um empate a três na primeira final, Sporting Clube de Portugal e MTK Budapeste viram-se obrigados a disputar uma finalíssima. Corria o minuto 19 quando João Morais marcou o canto “mais famoso” de todos.

“Um golo de Morais que não esquece mais”

Foi Mário João Pereira Simões que imortalizou o “Cantinho do Morais”. A música celebrou o feito de Morais, que marcou o único golo da finalíssima e entregou ao Sporting o único troféu europeu do clube em 108 anos de história.

O jogo não foi visto em Portugal, mas foi vivido através da rádio, que mostrou o sucesso do clube português em Antuérpia. Artur Agostinho desenhou um dos golos mais importantes da história do Sporting: “É pontapé de canto favorável ao Sporting. Vai agora marcar Morais, do lado esquerdo. Morais tem a bola no quarto círculo, prepara-se para a bater na direção da baliza de Kovalik… A bola vai partir, partiu, com boa conta, para a baliza… GOLO! Golo! É goooooolo do Sporting!!”

João Morais, falecido em 2010, fez parte da seleção portuguesa que ficou em 3.º lugar no Mundial de 1966, mais conhecidos como os “magriços”. No Sporting Clube de Portugal deixou um legado de 11 anos em que disputou 255 jogos, marcou 66 golos e venceu, além da Taça das Taças, dois campeonatos e uma Taça de Portugal.

O caminho até ao céu

A época de 1963/1964 não correu da melhor forma nas competições internas: o Sporting ficou em terceiro no campeonato, atrás de Benfica e FC Porto, clubes que também disputaram a final da Taça de Portugal, na qual o Sporting foi eliminado nos oitavos pelo Vitória de Setúbal, com o Benfica a vencer ambas as competições.

A Taça dos Vencedores de Taças foi a exceção, com um percurso notável até à final: na primeira ronda o Sporting eliminou os italianos da Atalanta, passando à segunda ronda, onde tinha encontro marcado com o APOEL.

Contra os cipriotas, o Sporting registou aquela que é, ainda hoje, a maior goleada da história das competições europeias: 16-1, com seis golos de Mascarenhas, três de Ernesto de Figueiredo, dois de Ferreira Pinto e outros dois de Augusto, além dos golos de Mário Lino, Louro e Pérides.

Seguiram-se, nos quartos de final, os Ingleses do Manchester United, e nas meias o Olympique de Lyon.

A final, disputada contra o MTK de Budapeste, que também disputava a primeira final europeia da história do clube, rendeu um empate a três bolas, com dois golos verde e brancos de Ernesto de Figueiredo e um de Mascarenhas. A decisão ficava, assim, adiada para a finalíssima, decidida por um dos cantos mais famosos da história do desporto.

Na caminhada até ao título foram utilizados 21 jogadores, com os leões a disputarem 1100 minutos de futebol em sete cidades diferentes, orientados por dois treinadores: primeiro Gentil Cardoso e depois Anselmo Fernandez, que orientou a equipa na finalíssima.

O título verde e branco na final da Taça das Taças, competição absorvida em 1998/1999 pela Taça UEFA e que entretanto também foi reformulada no que é hoje a Liga Europa, foi o único título luso nesta competição, embora o FC Porto tenha estado na decisão da edição de 1984, perdida para a Juventus.

O clube português não vai deixar passar esta data em branco. A comitiva leonina, liderada por Bruno de Carvalho e com a participação de alguns dos heróis deste marco histórico para o clube, vai estar hoje em Antuérpia para as celebrações. Do programa fazem parte a visita ao palco do histórico jogo e um jantar comemorativo.