A noite do segundo dia de Spring On! arrancou com Eduardo Cardinho, no vibrafone, e João Barradas, no acordeão, acompanhados por Romeu Tristão, no contrabaixo, e João Lopes, na bateria. Os dois primeiros, que lideram o quarteto, receberam o Prémio Jovens Músicos em 2013, pelo que as expectativas eram altas para a atuação na Sala 2 da Casa da Música.
Com um set elaborado inteiramente por músicas compostas por Eduardo Cardinho e João Barradas, a atuação arrancou com “Inner Interior”, de João Barradas, antes de “Song For Anna” e “Viagens”, ambas de Eduardo Cardinho, temas muito apreciados pela plateia.
Pelo meio, João Barradas disse ser “um enorme gosto tocar na Casa da Música”. Seguiram-se “Torn Motive” e “O Mar”, antes de “B Fat Minor”, tema da autoria de João Barradas. O encerramento do primeiro concerto da noite fez-se com “Lua”, de Eduardo Cardinho, tema que terminou com nota alta uma atuação de toada diferente dos concertos do primeiro dia, mas largamente apreciada pela plateia.
Os músicos prometiam um “jazz pós-bop, com grande ênfase no swing e na improvisação”, e não desiludiram, com o foco virado para as singularidades rítmicas do quarteto, principalmente o vibrafone e o acordeão, a cativarem aqueles que marcaram presença na Sala 2.
Lições de norueguês com blues clandestino
Seguiu-se o trio de Hayden Powell, com o músico norueguês no trompete e os compatriotas Helge Lien, no piano, e Jo Skaansar, no contrabaixo.
O trio apresentou, na maior parte dos casos, temas inseridos no segundo CD do grupo, “Roots and Stems”, incluindo a música que dá o título ao álbum, mas também “Skysailing” e “Questions”, além de “Bass Clarinet Blues” e “May Song”, que encerraram a segunda noite do Spring On!.
“Bass Clarinet Blues” tinha sido escrita por Hayden Powell para uma colaboração de outro projeto do artista, Magic Pocket, com a Orquestra de Jazz de Trondheim, mas arrancou um aplauso efusivo da plateia, depois de ter sido reproduzida por três instrumentos.
Pelo meio houve tempo para temas onde a inspiração vai desde a música folk norueguesa ao blues, especialmente em “Clandestine Blues”, que Hayden Powell disse chamar-se assim por “não se encontrar logo o estilo blues da música”. Com efeito, só com alguns minutos de duração se consegue identificar os traços de blues da faixa.
“Live your life through me”, música escrita por Jo Skaansar, foi bem recebida pela plateia e marcou o estilo mais melódico do grupo, já depois de Hayden Powell ter tentado ensinar uma expressão idiomática norueguesa à plateia da Casa da Música, relacionada com o Dia Nacional da Noruega, comemorado anualmente a 17 de maio, precisamente a data do concerto.
No final do concerto, Hayden Powell disse ao JPN que “valeu definitivamente a viagem da Noruega para vir cá tocar”. Quanto à plateia, Hayden Powell destacou a natureza “mais bem comportada” do público, facto que atribui ao local onde tocaram.
“Gosto de tocar num local onde a audiência está a ouvir atentamente a música que está a ser tocada”, disse o músico norueguês, que ainda está “a tentar perceber” qual será o próximo passo do trio.
O Spring On!, que celebra as novas sonoridades do jazz e a consagração da primavera, termina neste domingo, com o quarteto de Marco Santos e o quinteto da luso-luxemburguesa Marly Marques, a partir das 21h, na Sala 2 da Casa da Música.
