O livro “Análise da atividade de Investigação + Desenvolvimento + Inovação + Empreendedorismo nas universidades ibero-americanas”, apresentado esta quinta-feira na reitoria da Universidade do Porto (UP), analisa o papel de 17 universidades, incluindo a do Porto e a de Coimbra, de seis países ibero-americanos no processo de criação de empresas, como resultado de investigações universitárias.

Para além de a UP liderar em termos de quantidade de centros de investigação, ainda é a segunda instituição com mais patentes internacionais entre 2007 e 2010, com um total de 15, superada apenas pela Universidade Politécnica de Valência.

A RedEmprendia

A RedEmprendia é uma rede universitária ibero-americana, que tem como objetivo promover a transferência de conhecimento, o desenvolvimento tecnológico, a inovação e o empreendedorismo responsável. É atualmente composta por 24 universidades ibero-americanas de sete países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, México e Portugal.

Carlos Ribas, pró-reitor para o investimento e desenvolvimento da UP, diz que a universidade “é constituída com 14 faculdades, cobre todas as áreas de conhecimento e tem duas vantagens competitivas”. “Uma é que somos muito bons em certas áreas: engenharias, saúde, artes. A outra é que somos uma universidade abrangente e esta transversalidade dá-nos uma vantagem em relação a outras universidades”, afirma.

A Universidade do Porto destaca-se ainda pela percentagem de patentes internacionais, com um total de 33%, assim como a Universidade de Coimbra, com 45%.

Segundo Carlos Ribas, apesar de estar bem classificada, ainda existem objetivos a alcançar por parte da universidade: “Somos a universidade que mais produção científica tem no país. Agora, qual é o desafio? É transformar isto em valor económico, criando empresas, criando emprego, criando exportações e criando valor acrescentado para contribuir para o produto interno bruto”.

A criação de valor passa por quatro áreas essenciais que já fazem parte da política definida pela faculdade: “Transferência do conhecimento, geração de novos negócios, capacitação e incubação”.

Portugal no investimento

Dos sete países em análise, Portugal é o país com o maior investimento na área da Inovação e Desenvolvimento (em relação ao seu Produto Interno Bruto). Carlos Ribas sublinha que Portugal está muito bem posicionado, contrariando a ideia feita de que o país é dos que menos investe: “Portugal tem feito um esforço enorme nos últimos anos em termos daquilo que é o seu investimento nestas áreas. Duplicou o seu investimento em percentagem do PIB, que era cerca de 0,7%, em 2005, e, em 2010, 1.59% do PIB. Com a crise baixou um bocadinho, mas não um valor astronómico”.

Logo a seguir a Espanha, Portugal conta com o maior número de investigadores por milhão de habitantes, cerca de 390, entre 2008 e 2012. O estudo conclui que os países da Península Ibérica têm um maior número de capital humano avançado, publicações e pedidos de patentes, o que leva a um ambiente favorável para o contexto de I & D, inovação e empreendedorismo.

No entanto, diz também que não há universidades líderes no conjunto de indicadores e variáveis analisados, mas que a liderança se verifica por áreas. O que faz com que seja mais fácil o diálogo e o intercâmbio de boas práticas entre universidades.