A ideia nasceu da paixão de Dario Oliveira pelo “cinema do real”. O co-diretor do Curtas Vila do Conde interrompeu o cargo, que ocupava há 22 anos, para dar corpo a este novo projeto. “Esta ideia de um novo festival no Porto surge numa altura em que se abrem muitas hipóteses de transformar o que é a vida cultural na cidade, porque há um novo executivo camarário, com muito mais abertura para um evento deste género”, explica.

Depois de dois anos no projeto Estaleiro, onde produziu vários documentários de “histórias por contar”, acredita no “cinema do real” como forma de combate à crise que diz existir na indústria cinematográfica atual. “Há uma crise instalada na produção de cinema em Portugal mas há uma vontade férrea dos pequenos produtores e realizadores em continuar a trabalhar”, afirma.

O Porto Post Doc vai arrancar, primeiro, enquanto estrutura de programação, com o “Há Filmes na Baixa”. Todos os domingos, às 21h30, a partir de dia 30 de maio, será exibido um filme no Passos Manuel. Excecionalmente, haverá uma ou outra estreia à quinta ou sexta-feira e, a partir de setembro, também o Rivoli entrará em ação, exibindo documentários em regime de alternância com o Passos Manuel.

O primeiro filme, “A Mãe e o Mar” será exibido no dia 30 de maio, sexta, e é da autoria de Gonçalo Tocha. O documentário de 2013 conta em 97 minutos a história das mulheres “pescadeiras” da praia de Vila Chã, num retrato cru da paixão pela pesca e pelo mar. Voltará a ser exibido a 8 e 9 de junho, domingo e segunda-feira, à mesma hora, local e preço (quatro euros).

A exibição seguinte está agendada para 15 de junho, domingo, e é da autoria do espanhol Lois Patiño. “Costa da Morte”, documentário de 2013, promete mostrar a comunhão entre a paisagem e o ser humano, tendo como plano de fundo a Galiza.

A 22 de junho (domingo), pelas 18h, “Matar a un hombre” de Alejandro Fernández Almendras, afirma-se como o primeiro filme de ficção do conjunto regular de exibições. De origem chilena e francesa e baseado em factos reais, conta a história de Jorge, um homem bem intencionado que se confronta com a tensão que torna plausível o impensável.

O brasileiro Kleber Mendonça Filho é o realizador do último filme das exibições regulares, a 29 de junho. O documentário “O Som ao Redor”, com 131 minutos, conta a vida numa rua de classe média na zona sul do Recife e assume-se como uma “crónica brasileira, uma reflexão sobre história, violência e barulho”.

Estas exibições regulares vão desaguar num grande festival de cinema no Porto dedicado ao Documentário e ao Cinema do Real, de 4 a 13 de dezembro, que terá como missão “mostrar aquilo que de mais importante, interessante e recente é produzido”. Decorrerá também na Baixa e a programação só será divulgada em setembro. Dario avança, porém, que a seleção irá “andar à volta desta nova tendência do cinema que é o esbater das fronteiras entre aquilo que é documentário e aquilo que é ficção”.

Para 2015, o Porto Post Doc planeia começar a produzir documentários, com o Porto como tema motor.