O Partido Socialista (PS) venceu as eleições europeias em Portugal, conseguindo eleger mais um eurodeputado que a Aliança Portugal (PSD e CDS), com uma margem de 3,8% entre os dois – 31,5% contra os 27,7% da direita coligada -, mas a sensação que ficou foi a de um ‘mal menor’ para a Aliança Portugal e de uma vitória tangencial para o PS, vitória que não ofereceu a António José Seguro, líder do Partido Socialista, a margem necessária para pedir eleições antecipadas.

Apesar da derrota dos partidos do Governo, a surpresa da noite seria o Partido da Terra (MPT), que conseguiu 7,2% dos votos e elegeu um eurodeputado, o ex-Bastonário da Ordem dos Advogados Marinho e Pinto, que já expressou o apoio a Schulz para a presidência da Comissão Europeia.

Em terceiro lugar, com 12,7% dos votos, ficou a Coligação Democrática Unitária (PCP-PEV), que elege assim três eurodeputados – João Ferreira, Inês Zuber e Miguel Viegas – e sobe de dois para três deputados no Parlamento Europeu, em relação a 2009.

Uma das desilusões da noite foi o Bloco de Esquerda. Depois de ter eleito três deputados em 2009, o partido não foi além dos 4,6%, que foram suficientes para eleger Marisa Matias, que admitiu que “não foi um bom resultado”. Foi a terceira derrota eleitoral consecutiva do Bloco de Esquerda, que tem sofrido um processo de erosão depois da mudança na chefia do partido, que passou de Francisco Louçã para a liderança bicéfala de Catarina Martins e João Semedo.

O partido Livre, que tinha como cabeça-de-lista o eurodeputado Rui Tavares, não conseguiu reeleger o antigo militante do Bloco de Esquerda, ficando-se por 2,2% dos votos, menos do que os 4,42% de votos em branco e 3,07% de votos nulos.

Abstenção recorde marca Portugal e a Europa

A abstenção chegou, em Portugal, aos 66%, o mais alto número de abstenção de sempre, um valor que ilustra o desinteresse de dois terços da população no sufrágio, tendo sido um dos temas mais referidos nos discursos de Paulo Rangel, cabeça-de-lista da Aliança Portugal, mas também de Pedro Passos Coelho, Nuno Melo ou Paulo Portas.

O valor da abstenção ultrapassou os 63,2% de 2009 e os 64,5% em 1994

Portugal foi o oitavo estado-membro com o valor mais elevado de abstenção, sendo que a participação europeia nas eleiçõe se ficou pelos 43,1%.

Lá fora, a abstenção atingiu valores muito elevados, embora o tema dominante tenha sido o resultado da extrema-direita, que pode eleger até 130 deputados ao Parlamento Europeu.

A vitória mais expressiva da extrema-direita veio de França, onde a Frente Nacional conseguiu vencer com 25% dos votos, com a líder, Marine Le Pen, a pedir a realização de eleições antecipadas.

No total, a vitória foi do Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, que conseguiu um avanço de 30 eurodeputados sobre os socialistas, que ficaram no segundo lugar. Assim, Jean-Claude Juncker deverá ser o próximo presidente da Comissão Europeia.