O valor da verba investida no SPARC – assim se chama o projeto – ronda os 2800 milhões de euros (700 mil desembolsados por Bruxelas). É a maior iniciativa do género e nesta área em concreto, excluindo o contexto militar.

“A Europa precisa de ser um produtor e não apenas um consumidor de robôs. Os robôs fazem muito mais do que substituir humanos – frequentemente fazem coisas que os humanos não conseguem ou não vão fazer e que melhoram tudo, da nossa qualidade de vida à nossa segurança”, disse ao jornal Público a vice-presidente da Comissão Europeia Neelie Kroes.

A Comissão Europeia apresentou ainda alguns números que dão conta da situação da indústria robótica a nível mundial. De acordo com os mesmos, o mercado mundial de robôs valerá este ano cerca de 22 milhões de euros, sendo que em 2020 deverá já ultrapassar os 60 milhões. Na Europa, a robótica dá atualmente emprego e 34 milhões de pessoas e na União Europeia (UE) representa 35% do mercado global.

Portugal no SPARC

Portugal também vai fazer parte do SPARC através do Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra, integrado na associação euRobotics, que faz parte da vasta lista das entidades participantes.

Neelie Kroes não deixou de salientar que, no caso do SPARC, não se trata apenas de um mercado de robôs industriais, mas sim de máquinas capazes de desempenhar todo o tipo de tarefas como ajudar idosos, por exemplo.

“Já não é apenas sobre máquinas que são melhores, mais rápidas e mais baratas. É sobre robôs que podem ajudar em tudo o que fazemos; dispositivos que podemos usar; até implantes dentro do nosso corpo”, exemplificou a comissária, de acordo com a versão escrita do discurso, disponibilizada pela Comissão Europeia.

È necessário “dissipar a incerteza e falta de confiança” em relação à robótica

A estratégia do programa passa também pelo aumento da presença europeia no mercado dos robôs industriais, onde a União Europeia representa cerca de um terço do mercado global. Já no caso dos robôs de serviços – aqueles em que a tarefa da máquina é auxiliar o seu humano nas suas tarefas ou desempenham funções fora do seu contexto industrial – a UE tem uma representação de 63%.

No arranque do SPARC estiveram presentes vários executivos do sector da robótica, aos quais Kroes pediu para se esforçarem para desmistificar a ideia de que as pessoas estão a perder emprego por causa dos robôs.

Citando dados de um inquérito levado a cabo pela Comissão Europeia em 2012, Kroes revelou que 70% dos inquiridos concordavam com a ideia de que os robôs estavam a “roubar” trabalho aos seres humanos. Foi nesse sentido que vice-presidente da Comissão afirmou ser necessário “dissipar a incerteza e falta de confiança”, aumentando a perceção dos cidadãos relativamente aos benefícios da robótica. “Se não o fizermos, isso vai tornar a nossa vida muito mais difícil – e o nosso crescimento económico também”.