Nos três dias de Primavera Sound 2014, passaram pelo festival 70 mil pessoas, o que permitiu que o aproveitamento do espaço do evento não tenha criado problemas de congestionamento, oferecendo aos festivaleiros espaço de sobra para assistirem e vibrarem com os concertos em quatro palcos diferentes, ao mesmo tempo que oferecia zonas para descansar, nunca sobrepostas durante um concerto.

No último dia, os festivaleiros aproveitaram para experimentar o que ainda não tinham feito, passando pelas tendas onde se vendia e fazia de tudo, desde roupa a CDs, ou ainda a cortes de cabelo e tatuagens, pelas tasquinhas e restaurantes, que serviam comida durante todo o festival, pela zona onde se ofereciam coroas de flores, ou pelo Mini Primavera, onde os mais pequenos também podiam fazer a festa.

As cerca de 25 mil pessoas que estiveram no dia 7, no Parque da Cidade, também aproveitaram, como nos outros dias, para comer pipocas ou algodão doce, comprar manjericos ou conseguir um autógrafo do artista preferido (no último dia, foi a vez de You Can’t Win, Charlie Brown e Annie Clark, vulgo St. Vincent), embora houvesse quem preferisse apenas deitar-se, a conversar, dormir ou a ler.

The National cativaram uma plateia que cantou com You Can’t Win, Charlie Brown

O último dia de Primavera Sound começou com Refree, no Palco Super Bock, e Eaux, no Palco ATP, mas o primeiro grande concerto do dia pertenceu aos últimos portugueses presentes no festival primaveril.

Os You Can’t Win, Charlie Brown subiram ao Palco NOS às 17h55 e conseguiram cativar o público como poucas bandas conseguiram antes do pôr-do-sol. Ao som das melhores músicas da carreira, a banda cativou o público, que ia dançando e aplaudindo os multi-instrumentalistas, uma mais-valia do grupo que Salvador Menezes tinha dito ao JPN poder dar uma vantagem ao conjunto, por ser “curioso ver uma banda que vai mudando de instrumentos”.

A música “Be My World” foi propositadamente deixada para o fim, como a banda fez questão de explicar, embora não tenha sido a última. No entanto, o público não se coibiu de cantar o refrão com You Can’t Win, Charlie Brown, algo que Salvador Menezes revelou, depois, ter sido “muito gratificante”.

Mas o concerto da noite veio dos autores de “Trouble Will Find Me”, álbum de 2013 pertencente aos The National, que arrancou o concerto da banda no Primavera Sound, com “Don’t Swallow The Cap” e “I Should Live In Salt”.

Numa atuação que revisitou os grandes sucessos da banda, com destaque para “I Need My Girl”, os momentos altos do concerto vieram da participação de St. Vincent em “Sorrow” e do encontro do vocalista, Matt Berninger, com o público, durante “Terrible Love”, o que levou ao rubro as primeiras filas da plateia, antes de acabarem o concerto com “Vanderlyle Crybaby Geeks”, entoada aos gritos pelo público do Parque da Cidade.

No Primavera Sound, um bom concerto nunca vem só (nem a horas diferentes)

Sobreposto a The National, no Palco ATP, o norte-americano Charles Bradley deliciou o público com o soul que pautou a carreia do sexagenário. Os concertos à mesma hora foram, de resto, uma inevitabilidade, num festival com quatro palcos, com Dum Dum Girls à mesma hora que The National (e Bradley, claro está), !!! (ou Chk Chk Chk) a começar alguns minutos apenas antes de Ty Segall, ou Darkside à mesma hora que Mogwai, na sexta-feira, a serem os exemplos mais relevantes.

Por falar em !!!, o concerto da banda liderada por Nic Offer eletrizou o público que assistiu ao concerto no Palco NOS (houve quem preferisse acompanhar Glasser, quase à mesma hora, ou guardar lugar mais próximo do Palco ATP para o concerto de Ty Segall).

A banda norte-americana veio apresentar “Thr!!!er”, álbum de 2013, e não desiludiu, com a apetência para dançar e fazer a festa de Offer, que, por sua vez, fez as delícias das primeiras filas da plateia, com quem o vocalista se misturou e dançou.

Antes, já St. Vincent se tinha empenhado numa atuação esforçada, que merecia maior adesão da parte do público, que, embora tenha marcado presença em massa no Palco Super Bock, mostrou não estar tão entusiasmado com a atuação da norte-americana como se previa, embora Annie Clark tenha tentado de tudo, principalmente em solos de guitarra originais.

O Primavera Sound já tem edição confirmada para 2015, embora ainda não se saibam as datas.