O “Au Pair” trata-se de um programa de intercâmbio sobretudo entre raparigas dos 18 aos 26 anos e famílias da Europa, América do Sul, Ásia e África. Tal como sugere o nome (“Au Pair” significa em par), a ideia é integrar jovens como mais um elemento da família, que vão ajudar os pais nas atividades das crianças. Uma au pair funciona como um suporte para a host family (a família de acolhimento) e as tarefas podem ir desde buscar as crianças à escola, ajudá-las nos trabalhos de casa ou levá-las ao médico quando estão doentes.

Apesar das funções serem idênticas, ser au pair não é o mesmo que ser ama ou babysitter. A jovem deve ser tratada como uma irmã mais velha, de um país diferente, que partilha a rotina da família e substitui os pais quando eles não podem estar presentes. Quanto às famílias de acolhimento – sejam casais ou não -, podem participar no programa todas as que tenham crianças com idade superior a três meses e inferior a quinze anos.

Como ser “Au Pair”?

Há várias agências sediadas em vários países, que tratam de esclarecer todas as jovens que queiram aderir ao programa. Em Portugal, a Multiway serve de apoio para quem pretende fazer o programa na América. No entanto, as jovens podem optar por entrar diretamente em contacto com as famílias, através de sites, disponíveis na internet, como o AuPairWorld. Basta que criem um perfil num destes sites e procurem a família com a qual querem fazer o intercâmbio. Entram em contacto com ela e, se houver interesse de ambas as partes, podem conhecer-se melhor (pelo skype, por exemplo). Assim que a jovem estiver decidida, negoceia com a família o período que melhor lhe convém e embarca na aventura.

Mas apesar de se poder combinar com as famílias a melhor forma de usufruir do programa, há regras, quanto às condições de trabalho, que devem ser cumpridas. O horário de trabalho não pode exceder as dez horas por dia e as 45 semanais e é obrigatório que as au pairs tenham, no mínimo, um fim-de-semana livre por mês. Já o salário é de, no mínimo, 195,75 dólares por semana (cerca de 148,45 euros) e não há limites quanto ao tempo de permanência. Há famílias que procuram um serviço Au Pair desde um mês a dois anos ou mais.

Ser Au Pair como meio de contornar o desemprego

Em Portugal, há quem adira ao programa “Au Pair” pela experiência, mas também como solução para a falta de emprego no país. Para Joana Lopes e Kaylene Freitas, de 24 e 20 anos, respetivamente, o programa Au Pair trouxe duas possibilidades distintas.

Há dois anos, Joana decidiu ir à procura de uma segunda família fora de Portugal, durante seis meses. Três meses depois de ter acabado a licenciatura em Educação de Infância, sem sucesso em encontrar trabalho, tomou consciência da dificuldade que seria exercer a profissão. Uma pesquisa na internet deu-lhe a conhecer o programa, que não só lhe dava a hipótese de aplicar os conhecimentos que adquiriu ao longo do curso, mas também permitia “contactar com um tipo de educação diferente, uma nova cidade e uma nova cultura”, explica.

Registou-se em vários sites e esteve durante dois meses à procura de uma família de acolhimento. “Não fui por nenhuma agência, fiz tudo por iniciativa própria”, conta. Mas processo não foi fácil, apesar de ter feito várias entrevistas via Skype, pois “achava sempre que aquela família não era a tal”. Através do site Gumtree , acabou por descobrir uma família, de origem portuguesa, e amiga dos tios que tinha a a viver em Londres.

Embora seja mais fácil estar com uma família da mesma nacionalidade, Joana confessa que não foi por isso que deixou de ter momentos mais difíceis: “Estar a trabalhar como interna é muito complicado, mesmo quando o relacionamento que tens com as pessoas é óptimo”, explica. “Mesmo que acabes de trabalhar às 18h, acabas por estar com as crianças até elas se irem deitar, não vais para tua casa descansar nem tens um pouco daquele silêncio que te está mesmo a apetecer”.

Com a ajuda da mãe que adotou no país que não era o seu, e além de ser au pair, também fez voluntariado na escola das duas filhas do casal português. Para Joana Lopes, “a experiência valeu a pena”, mas as saudades de Portugal (sobretudo do clima) fizeram com que regressasse para voltar a tentar a sorte no país onde nasceu.

Programa Au Pair aliado a um “gap year”

Kaylene optou pelo programa por enriquecimento pessoal. Depois de ter acabado o secundário optou por fazer um intervalo nos estudos. “Queria uma experiência cultural que me pudesse levar até outros países e realidades”, conta. Entre sites “mais fidedignos e organizados que outros”, Kaylene escolheu o AuPairWorld para criar o seu perfil e entrar em contacto com várias famílias. A que mais lhe agradou foi uma holandesa.

Os cinco meses que esteve na Holanda foram suficientes para criar uma relação de amizade com a família que a recebeu, ao ponto de ainda hoje manter o contacto. “Ser au pair foi muito mais que um mero trabalho, porque criei laços para a vida inteira”, garante.

Para Kaylene, a experiência foi tão boa que pretende repeti-la muito em breve: “Aprendi muito sobre mim própria e daquilo que quero da vida”, diz. E esta é a principal razão que leva a jovem portuguesa a querer repetir a experiência.

A experiência na América

Trabalhar e estudar em simultâneo

Uma das vantagens do programa na América é a de poder estudar enquanto se “trabalha”. Inglês, Fotografia e Psicologia são alguns dos cursos disponíveis. A família ajuda na escolha de uma escola ou, então, caso as au pairs não possam ou não queiram assistir presencialmente às aulas, têm a hipótese de frequentar um curso online da Universidade da Califórnia (UCLA) >, em Los Angeles. Uma vez que os cursos são pagos, a host family dá uma espécie de bolsa de estudo à au pair, no valor de 500 dólares (cerca de 379,19 euros) – que corresponde ao preço do curso.

Mas se a maior parte das portuguesas, por exemplo, prefere ingressar no programa na Europa, também há a possibilidade de o fazer na América. As condições, no entanto, são ligeiramente diferentes. O tempo mínimo de participação é de um ano e, na “Au Pair in America” , é obrigatório que o processo de escolha da au pair e respetiva família seja feito por uma agência.

Quem estiver interessado tem de escrever uma carta dirigida à host family e enviar fotografias ou um vídeo de apresentação, onde a au pair mostra a motivação que tem para cuidar de crianças. Também é exigido um certificado de boa conduta, carta de condução (em alguns casos) e passaporte atualizado.

Para quem quer aproveitar a experiência para conhecer melhor os Estados Unidos, o Au Pair in America permite ainda às jovens interessadas viajar na América durante um mês, depois de terem concluído o programa.