Quando começou a escrever, há um ano, eram apenas poemas soltos. O vício instalou-se e todos os dias o mar voltava às linhas curtas que Pedro Pacheco lançou agora no livro “Partituras de uma nau”.

Licenciado em Jornalismo e aluno de doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Pedro decidiu doar os lucros da publicação à Associação Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro. Para o autor, que apresentou o seu primeiro livro no passado sábado, nas Caves Taylor’s, essa decisão materializou tudo o que o livro significa: uma libertação da pesada condição humana.

Quem é o Pedro Pacheco?

É sempre difícil falar sobre mim. Essencialmente, sou alguém que gosta de escrever, apaixonado pelo Jornalismo e que, no último ano, sentiu uma enorme vontade de vulcanizar em textos pensamentos que andavam, de alguma forma, fragmentados. Adoro a escrita, o jornalismo e a velocidade e essas são, se calhar, as três linhas que melhor me definem. Mas os outros saberão dizer mais sobre mim.

Frases curtas porquê?

Eu acho que se formos capazes de escrever e transmitir sentimentos de uma forma simples e eficaz, tanto melhor. Conseguir dizer muito com poucas palavras, para mim, é essencial. Eu consigo alcançar algum dinamismo na escrita através das frases curtas e resumidas. Isso vem também do jornalismo. Se podemos ser claros, objetivos e diretos e, essencialmente, a mensagem for perceptível à primeira, é a cereja em cima do bolo.

Onde se encontram as partituras de uma nau?

As partituras são, de alguma forma, a condição humana. O livro é todo sobre a condição humana numa tentativa de transcendência. A nau, que navega nessas mesmas partituras, é cada um de nós. E cada um de nós é um cosmos, mas ao mesmo tempo somos seres condicionados. Temos momentos mais graves e mais agudos mas sempre debaixo dessa condição que nos é imposta. O livro, ao tentar recolher algumas pepitas dessa transcendência, permite que nos possamos sentir mais felizes.

O livro pela causa ou a causa pelo livro?

Um livro sobre a condição humana não atingiria a sua missão se não houvesse, de facto, um ato em que se materializasse. Eu entendi que ao ajudar a Associação Acreditar, consigo, de uma forma concreta, ajudar as pessoas que sofrem a condição humana de uma forma tão pesada como é a doença, a libertarem-se um pouco da dor.

E o futuro?

Nada está decidido mas, com este livro, ganhei algum ânimo. As pessoas dizem-me que já leram e releram o meu livro e isso dá alento e é fascinante. Quero continuar a escrever, isso é certo, mas se calhar com outro estilo literário. Ainda não está definido.