Ainda que seja difícil sobreviver de uma ementa que prescinde de carne e peixe, os restaurantes vegetarianos no Porto começam a ganhar espaço e destaque no roteiro pela cidade. O JPN saiu à descoberta e propõe algumas ementas.

“Cultura dos sabores”

Alexandra Marinho deixou o mundo da joalharia para se dedicar à restauração. “É uma loucura, mas é uma loucura saudável”, conta ao JPN. “Há mais ou menos cinco anos, eu e o meu marido decidimos mudar os nossos hábitos alimentares e decidimos experimentar comida vegetariana”.

Para Alexandra, o “Cultura de Sabores” surge da necessidade de informar o público que deve mudar a sua alimentação, sem deixar de experimentar os sabores portugueses. “O vegetarianismo não é só vegetais. Podemos muito bem substituir a carne e o peixe por seitan, tofu, proteína de soja”. E se o cenário não parece credível, Alexandra exemplifica. “Fazemos cozido à portuguesa, com enchidos de seitan e tofu. É exatamente a mesma coisa, mas muito mais saudável”.

O restaurante, situado na rua de Ceuta, aposta em serviço buffet, com oito pratos frios e quentes todos os dias. O almoço fica por 8,95 euros e os jantares, de terça a quinta, rondam os 9,95 euros. Ao fim de semana e vésperas de feriado o preço é de 11,95 euros. O espaço, no futuro, pretende ainda oferecer workshops de alimentação para os mais interessados em mudar de ocupação de vida.

“Essência”

Situado na Rua Pedro Hispano, o restaurante “Essência” surgiu há cinco anos. Ao aproveitar o espaço que foi herdado por uma das sócias, os proprietários decidiram criar um restaurante vegetariano com “serviço tradicional à mesa”, com pratos confecionados na hora. Segundo Isabel Machado, uma das sócias, “na altura havia mais restaurantes de levar tabuleiro. Cada qual escolhia os pratos já confecionados”.

Isabel acrescenta que a recetividade tem sido bastante positiva. “A maior parte dos nossos clientes não é vegetariano”. Para os mais resistentes, o restaurante aposta em pratos não-vegetarianos. “Decidimos não excluir aquelas pessoas que são resistentes ao vegetarianismo, que preferem um prato de bacalhau ou um bife”.

Ao almoço, o restaurante aposta num menu do dia, que ronda os dez euros. No entanto, se preferir o menu reduzido, sem bebida, o preço ronda os 6,55 euros. Ao jantar, Isabel explica que o preço duplica. Como sugestão, a responsável pelo espaço recomenda os bifes de seitan com molho madeira e amêndoas e o risotto de cogumelos.

“Em Carne Viva”

Ainda que o nome não se associe a um restaurante vegetariano, o conceito fica explícito com Vítor Rodrigues. “Nós alimentamo-nos para manter a nossa carne viva”. Vítor é vegetariano há mais de 20 anos e conta que o seu espaço surge da necessidade de querer fazer uma refeição vegetariana, sem ser num restaurante indiano ou italiano.

Para Vítor, o “Em Carne Viva” veio colmatar um espaço que faz falta em todo o mundo. “No futuro, só assim (através do vegetarianismo) é que conseguiremos manter vivo um planeta que já não comporta a forma como lhe são retirados recursos para a produção do que quer que seja”. Foi a partir deste argumento que Vítor Rodrigues apostou em material reciclado para reabilitar o espaço. Desde as cadeiras de madeira reciclada aos vitrais que compõem as salas a partir de vidro reciclado, o responsável pelo restaurante na Avenida da Boavista queria que o impacto para o meio ambiente fosse “o menor possível”.

Vítor diz apostar na cozinha regional portuguesa. Recomenda, por isso, a francesinha vegetariana e o tofu com algas à lagareiro, dois dos pratos mais reconhecidos do restaurante, mas convida a experimentar outros que “têm como denominador comum a gastronomia portuguesa”. “Em Carne Viva” tem pratos económicos ao almoço, por 7 euros, e o serviço à lista, que varia entre 11 e 20 euros.