Numa altura em que há um festival de música a cada esquina, desdobram-se também os serviços à disposição dos festivaleiros. Dos balcões para carregar o telemóvel aos espaços de babysitting, dos pontos wifi às zonas lounge. E, claro, as mudanças chegaram também ao alojamento.

Ter conforto no campismo dos festivais já não é uma utopia – e não, não estamos a falar de colchões insufláveis, tendas gigantes que parecem casas e aloquetes para fechar a “porta”. De bungalows a eco suites, são várias as ofertas hoje à disposição de umas costas mais combalidas e de um bolso mais afortunado. É o chamado “glamping”, palavra que resulta da junção da palavra glamour com “camping”, que agora começa a entrar nos festivais de música portugueses. E o Vodafone Paredes de Coura não é exceção: há quibis, tipis e até “gypsy caravans”, responsabilidade da Sleep’em’All, empresa que proporciona soluções de alojamento temporário em festivais e noutros eventos. E em grande estilo.

Os interessados podem escolher entre dormir numa quibi (ver foto principal), uma singela casa de madeira para duas pessoas, num tipi, à velha moda do Oeste, onde cabem seis pessoas, ou numa “gypsy caravan“, uma (quase) verdadeira caravana cigana com um toque romântico, que aloja duas pessoas. Uma ideia que começou a desenvolver-se no sofá de Nuno Cruz que, em pesquisas, se deparou com este conceito em vários festivais internacionais, por exemplo no Glastonbury. E, olhando para trás, nas suas andanças pelos festivais portugueses como “roadie”, “stage manager” e “production manager” (trabalha há mais de 20 anos na área e é sócio gerente da Roadies DC), apercebeu-se que nunca foi fácil ter uma noite descansada. Não é o único, acredita. Por isso, e já que tinha contactos na área, lançou mãos à obra.

Preços

– Gypsy Caravan (2 pax): 400 euros/500 euros
– Tipi (6 pax): 540 euros
– Quibi (2 pax): 235 euros

“Senti que havia essa necessidade”, conta ao P3. “Todos precisamos de dormir”. Mesmo depois de concertos e de um ou outro copo, “chega uma altura em que é preciso ter um sítio para descansar”. E, a partir daquela idade em que as costas já pesam ou naquelas noites em que a chuva não perdoa, o campismo pode não ser a solução ideal. “Queremos que as pessoas sintam algum conforto. Que estejam em contacto com o festival e com a Natureza, na mesma atmosfera, mas que se sintam confortáveis, protegidas, que estejam seguras”.

Um upgrade ao campismo

O espaço da Sleep’em’All, presente em diversos festivais portugueses há já um ano, está aberto 24 horas. Há uma receção (onde se podem carregar telemóveis) e é lá que os festivaleiros deixam e levantam a chave para o, digamos, quarto. As casas-de-banho do espaço são exclusivas para os hóspedes do acampamento, tal como os chuveiros. Para já, as casinhas ainda não têm corrente elétrica, mas Nuno já equaciona conseguir uma parceria com painéis solares. E, para Coura, com sorte, haverá um tipi jacuzzi.

“A ideia é ser um upgrade ao campismo”, realça Nuno, explicando este conceito de “glamping“. “Não é um hotel de cinco estrelas, mas é um campismo de 3 ou 5 estrelas, dependendo das condições dos diferentes locais e promotores”. Claro que não é para todos os bolsos, nem interessa a todas as idades. “Para o público mais jovem, na faixa dos 18 anos, a preocupação não é de facto dormir bem – o pouco dinheiro que têm é para fazerem a festa. O público da Sleep’em’All já tem algum poder de compra, quer divertir-se no festival, mas também ter algum conforto”.

Depois de um primeiro ano complicado (“apostamos em mais festivais e testamos uma série de coisas”), a experiência da Sleep’em’All tem sido “positiva”. A desejada internacionalização foi alcançada com o convite lançado pelo francês Vieilles Charrues, onde a lotação foi quase máxima. No Alive, a mesma história (“80% da ocupação foi inglesa”). Em Paredes de Coura, 60% do espaço já está ocupado. As reservas são feitas online e o preço indicado, que não inclui o bilhete para o festival nem roupa de cama, é o total por noites (podem ser oito) e pessoas (400 euros-500 euros pela “gypsy caravan”, 540 euros pelo tipi e 235 euros pelas quibis). Quem quiser não pensar em nada, há packs com bilhete e transporte disponíveis no site da Get a Fest.