Neste sábado, o segundo dia do Fórum de Rádio Independente (FRI) que está a realizar-se no Pólo das Indústrias Criativas (PINC), no Porto, terminou com uma sessão de apresentação dos vários projetos presentes no evento. De todas as características enunciadas pelos representantes das rádios em questão, sobressai uma que é comum a todos os projetos e que tem uma grande importância na manutenção dos mesmos: a paixão das pessoas que neles trabalham pelo meio radiofónico.

Universidade FM

Em atividade desde 1986, é um dos principais órgãos de comunicação de Vila Real. “Arrisco a dizer que é o único órgão de comunicação de Vila Real”, referiu o representante da Universidade FM no FRI. Com uma equipa atual de quatro pessoas, é reconhecida, segundo o responsável, por ter sido pioneira em relatos de rugby e de futsal. Apesar do âmbito local, já esteve no Kosovo, em Timor, em Bilbau, entre outros lugares, e, durante um ano, todas as sessões no Parlamento Europeu foram acompanhadas pela Universidade FM.

Stress FM

A operar na Internet desde 2011, a Stress FM, de Lisboa, começou como uma ideia de rádio comunitária. “É uma rádio online, mas também temos fotografia, texto, vídeo, para dar um equilíbrio. Andamos a desbravar terreno e a tentar perceber o que é isto da rádio online”, declararam os representantes do meio no FRI. Com uma redação “caótica e eclética”, são “experimentais” e estão “em reinvenção constante”. Fazem coberturas e emissões em direto, como no Fundão, Caldas da Rainha, Montemor-o-Novo, entre outros locais.

Quase FM

Como parte da Faculdade de Ciências Humanas de Lisboa, da Universidade Católica Portuguesa, a Quase FM é uma rádio “experimental e comunitária”. Por ser uma disciplina de um curso, só pode participar quem se inscrever. Consequentemente, “é difícil criar uma equipa grande – o máximo são dez pessoas – e duradoura”, afirmou o porta-voz da rádio no FRI. Rege-se por três princípios: Produção, Informação, Animação.

RUM

A Rádio Universitária do Minho (RUM) esteve representada no FRI pelo diretor de programas, João Paulo Rebelo. A comemorar 25 anos de existência, a RUM tem como objetivo “promover e divulgar todas as atividades da academia e da universidade”. “Informativamente, temos linhas rígidas a seguir, mas, musicalmente, temos toda a liberdade”, revelou o responsável. Com uma equipa fixa de 12 pessoas e cerca de 30 colaboradores, recebem uma verba da associação académica e da Universidade do Minho. Não têm publicidade, por causa da grande diversidade musical.

CC FM

A rádio ligada ao curso de Ciências da Comunicação (CC) da Universidade do Porto esteve representada por João Bragança, um dos membros da plataforma comunitária que funciona em modo de podcast na Internet. Com quatro pessoas a gerirem o meio e um coordenador, têm como grande dificuldade “conseguir chegar a um número maior de pessoas”. Sem ambição comercial, a CC FM existe devido à paixão pela música – os conteúdos passam por programas dedicados a estilos musicais específicos. As férias e os trabalhos académicos dos estudantes – os voluntários da rádio – atrapalham a assiduidade das emissões.

UALMedia

Apesar de ligada à Universidade Autónoma de Lisboa, a UALMedia não é uma disciplina da instituição. “É um extra. Eu costumo designá-la de um ATL”, gracejou o representante da rádio no FRI. O principal objetivo, estando no habitat em que está, é ensinar os participantes, e tem como principais desafios “manter o interesse, aumentar a audiência”. Transmite em podcast vários programas musicais de diversas influências.

RadioActive

Financiada pela Comissão Europeia, a RadioActive está a ser emitida em cinco países. Trata-se de “um projeto europeu onde crianças e jovens colaboram em emissões de rádio para potenciar a inclusão social e promover o sucesso escolar de jovens em comunidades distintas”. Em Portugal há uma equipa de seis pessoas espalhadas pelo país (Lisboa, Coimbra, Porto). Uma das dificuldades é passar aos jovens os ensinamentos técnicos e tecnológicos que as emissões exigem. “Além disso, não temos estúdios fantásticos”, confessou Maria José Brites, a representante da RadioActive presente no FRI.

Rádio Zero

A transmitir, online, desde Lisboa, a partir de 2004 – ainda que com um nome diferente do atual – foi criada “para dar a oportunidade a cada pessoa de aceder ao meio rádio”, referiu João Bacalhau, responsável pela plataforma. Composta por programas de autor – “temos 45, já tivemos 69” – e com mais de cem membros (todos voluntários), tem como maiores dificuldades, paradoxalmente, “mobilizar pessoas, motivá-las”. “Não tanto no surgimento de programas, mas para colocar pessoas a trabalhar nas tarefas mais aborrecidas (gestão de grelhas, cálculo de tempo de estúdio, manuais de procedimento)”. O público-alvo da Rádio Zero é definido desta forma por João Bacalhau: “Temos tantos públicos quanto mais programas tivermos. É possível ligar-se a emissão e amar, como ligar e desligar logo a seguir por não nos identificarmos com aquilo”.

Rádio Manobras

Surgiu através do projeto Manobras no Porto, em 2011/2012. “É feita por pessoas que não percebem nada de rádio”, graceja Anselmo Canha, um dos responsáveis pelo órgão presente no FRI, com o objetivo de promover a cidadania. “A nossa cidade é a cidade ‘vasculhada'”. “Somos uma rádio aberta e gostávamos de dar voz aos portuenses, aos bairros. Há todo um lado social que queremos desenvolver”. Composta por trabalhadores voluntários, a Rádio Manobras tem como principal desafio tornar o trabalho financeiramente exequível e como principal dificuldade “motivar os colaboradores”.

Engenharia Rádio

Começou por ser uma rádio interna, de alunos para alunos, mas em 2007 passou ser uma rádio em formato online. “A ideia era, estando inserida na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, com engenheiros – sempre existiu aquela ideia de uma rádio “durona” -, pôr essa gente a fazer rádio, com programas da responsabilidade dos autores”, revelou Miguel Heleno, coordenador da Engenharia Rádio. Composta apenas por voluntários, ainda tem “dificuldades em ser reconhecida como órgão de comunicação”. “Falta-nos uma natureza informativa, com uma periodicidade definida, bem como uma agenda cultural do Porto”, admite o responsável. “Neste momento, andamos a pensar: ‘Que rádio queremos ser?’. Estamos estagnados por causa disso”.