MAPA – O Jogo da Cartografia” tem tudo para marcar pela diferença: é uma peça de teatro comunitário que une grupos amadores de diversas partes da cidade (oriental, ocidental e central) e tem todas as récitas interpretadas em Língua Gestual Portuguesa.

Por aqui não há sentimento de exclusão. Afinal, o objetivo de MAPA é ser isso mesmo: um mapa de “uma outra cidade”, desenhada pelas “afinidades e afetos”. Os grupos AGE, Auroras – Lagarteiro, Grupo de Teatro Comunitário EmComum – Lordelo do Ouro, Grupo de Teatro Comunitário da Vitória e Grupo de Teatro de Surdos do Porto são quem desenha, em palco, esta realidade.

“Quem melhor do que as populações instaladas e/ou mantidas à margem para questionar, com conhecimento de causa e efeito, os processos de decadência e de «requalificação» de uma cidade?”, pergunta Regina Guimarães, autora do texto que dá vida a esta peça. Requalificação essa que Regina apelida de “disneylandização” do Porto, que ameaça “transformar os habitantes em figurantes e a cidade em cenário”.

Uma comunidade que no teatro “vê e pensa e sente uma cidade”

“Partilhando as mesmas tensões, as mesmas urgências, esta comunidade pergunta-se sobre o sentido da sua existência individual e coletiva. Reivindica uma fuga a hierarquias mudas, reclama uma democracia com voz. MAPA acredita que o teatro é um lugar político, uma praça pública, de onde se vê e pensa e sente uma cidade”.

A PELE

“Dentro e fora do palco, geram-se encontros imprevistos e inclusivos, correm-se riscos. Ao longo destes últimos sete anos, a PELE – Espaço de Contato Social e Cultural promoveu esses encontros e aceitou correr esses riscos a partir de um trabalho continuado com grupos de teatro comunitário, potenciando os cidadãos como artistas, reclamando a inimitável arte de cada um”.

Da responsabilidade da PELE – Espaço de Contato Social e Cultural – no momento em que esta estrutura artística comemora o sétimo aniversário – “MAPA – O Jogo da Cartografia” é “o ponto de chegada de um projeto que reflete o encontro de vários povos e povoações de uma mesma cidade na construção de um mapa mais humano, mais propício ao reconhecimento dos outros em nós”.

Debatendo o passado, o presente e o futuro de quem habita o Porto, esta peça tem estreia absoluta marcada para 31 de outubro, no Claustro do Mosteiro de São Bento da Vitória, mas sobe ao palco mais duas vezes, a 1 e 2 de novembro, sempre às 21h30. Os bilhetes têm o custo de 12 euros.

Sob a direção de Hugo Cruz, este espetáculo é ainda co-produzido pelo Teatro Nacional São João e pelo Serviço Educativo da Casa da Música.