Munin é um videojogo feito por programadores portugueses que surgiu como um projeto final do curso de videojogos da Restart (Instituto de Criatividade, Artes e Novas Tecnologias). Em entrevista ao JPN, João Rodrigues, um dos elementos da equipa, contou-nos que se aliou com um colega (André Silva) para a criação de “um jogo pequenino, mas que tivesse alguma ideia que não imitasse o que já tinha sido feito”. “Levávamos essa ideia original de que, rodando partes do ambiente, tivéssemos que pensar e resolver puzzles“, explica.

A ideia surgiu, então, em 2011, e após a criação de um protótipo jogável, foi-lhes dada a oportunidade, por um professor do curso, de continuarem o projeto e tornarem o jogo um objeto comercial. Mas nem tudo foi um caminho fácil: “Fomos à procura de financiamento lá fora, entretanto houve um período de hiato e não arranjámos financiamento logo ao princípio e estivemos cerca de dois anos parados e isto [o jogo] passou para o nosso tempo livre”.

Quando a esperança de finalizar o projeto parecia desvanecer, “encontrámos interesse de uma empresa alemã, a Daedalic Entertainment, que aceitou publicar o nosso jogo”, revela João. Por fim, o financiamento chegou e este hiato de dois anos rapidamente se resolveu num processo de finalização do jogo que demorou apenas seis meses, encontrando-se terminado e publicado já no verão de 2014.

Infelizmente, a data de lançamento do jogo coincidiu com as grandes conferências internacionais e feiras de videojogos da E3, um buraco negro da atenção mediática. Esta infeliz data de lançamento “é das piores alturas para fazer sair um jogo, pois é quando os media não estão virados para a cobertura de jogos, sobretudo indies“, e isto, diz-nos João com um riso nervoso, “fez com que se fosse diretamente da página principal da Steam para a obscuridade”. Não obstante, o conceituado site de videojogos Polygon analisou o título português e premiou a sua excelência com um 7.5 em 10.

Munin na Steam

Munin tem uma demo disponível na sua página da Steam e pode ser obtido na íntegra por 9,99 euros.

Munin, um “puzzle-platformer” que dá que pensar

Munin é um “puzzle-platformer” para o jogador que quer pensar. Afasta-se da veia tradicional de jogos do género em que o propósito é navegar o cenário da forma mais rápida e precisa possível. Braid e Limbo “foram algumas das inspirações para o jogo entre mais uns quantos do género”. Munin abraça um tom mais calmo e reflexivo e os puzzles resolvem-se pela paciência, pela tentativa e erro e pela astúcia.

Embora as mecânicas de Munin pareçam simples a um primeiro olhar – rodar partes do mapa – o jogo introduz gradualmente novos elementos que refrescam a jogabilidade e prendem o interesse do jogador. Grandes pedregulhos que caem – e não só – constituem um perigo para o jogador se o atingirem, mas também são parte integrante dos puzzles a resolver. Várias armadilhas, lava, plataformas que se movem sozinhas e runas são alguns dos outros desafios que o jogador pode esperar encontrar.

O estilo gráfico é, sem dúvida, um dos pontos fortes do jogo, levando o jogador a criar, rapidamente, uma ligação emocional com o mesmo. O estilo de stop-motion e da animação e pintura frame a frame combinaram-se para construir os ambientes ricos em detalhes, inspirados na mitologia nórdica. João Rodrigues, porta-voz do título, destacou-nos o importante contributo de Rui Pereira na construção da arte de todo o jogo, já que, sem ele, “a coisa não tinha tanta piada”.

Olhando agora para trás e para tudo o que se passou, João confessa estar “muito orgulhoso, sobretudo tendo em conta o quão pequenino era o grupo de trabalho”. “Acho que, para primeiro jogo, nem nos saímos nada mal”, graceja.