“Estranhamento”, de Pedro Cabeleira, é o filme que representa Portugal na sétima edição do “La Cabina: Festival Internacional de Mediometrajes” que, até 16 de novembro, decorre em Valência, Espanha.

Exibido esta quinta-feira no evento, o thriller surrealista português causou grande furor. O JPN, presente na sessão, deparou-se com uma sala cheia e comentários muito positivos. “Não entendi muito bem o filme ao princípio, mas depois percebi tudo no final” foi umas das mais recorrentes opiniões ouvidas. Era esse o objetivo do filme: criar dúvidas nos espectadores.

A película começa com Semblante, o protagonista, a fumar sentado numa cadeira e a dizer a palavra “sangue”, o que criava inquietude no público presente na sala. Este personagem morre durante o filme e torna-se suspeito de um crime muito absurdo: mata-se a si próprio. Ao mesmo tempo tenta salvar a sua amada evitando que a matem com um tiro. “Num filme precisamos de uma miúda e de uma pistola. A miúda já a temos”, diz um outro personagem misterioso.

Estranhamento” é, na verdade, um projeto muito original, cujo diretor, Pedro Cabeleira, apostou no cinema surrealista através da criação de uma obra de 45 minutos. No filme, o protagonista fica imerso numa repentina confusão entre o que é real e o que é ficção e só encontrará solução para este quebra-cabeças no final da história. O espectador acompanha todo este processo.

Há, assim, um tributo ao cinema e ao caos de um filme quando ele não apresenta um espaço e um tempo de uma forma linear. Ao mesmo tempo há uma homenagem ao ator James Stewart e aos seus papéis em numerosos filmes de suspense.