“É fundamental haver regulação”, concorda Jorge Rozeira, dermatologista, a propósito dos malefícios para a saúde destas “assinaturas” quase permanentes, quando confrontado com a preocupação da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO). O especialista justifica este alerta, enumerando os perigos para a saúde associados às tatuagens.

“Existem uma série de doenças associadas à falta de esterilização dos materiais, como a sida ou a hepatite B”, começa por referir. “Apesar de trocarem de agulha, há outro problema”, chama a atenção o dermatologista. O facto de a própria tinta ter sido “repicada com a mesma agulha” é por si só uma fonte de contágio. “A tinta usada é a mesma”, alerta.

Jorge Rozeira defende ainda que, mesmo atendendo a todas as medidas, a própria tinta é suscetível de causar alergias e que, quem vai ser fazer uma tatuagem, deve ser avisado desse facto. O pigmento vermelho é, segundo o especialista, o que pode causar mais problemas.

A idade é outro fator associado às tatuagens que preocupa o dermatologista. “Um médico não pode prescrever medicamentos a um menor sem a autorização dos pais e um tatuador pode tatuar um menor de cima a baixo se quiser”, salienta, acrescentando que tem de haver uma responsabilização do tatuador. A regulamentação, entre muitos aspetos, pode definir uma idade a partir da qual uma pessoa pode tomar a opção de fazer uma tatuagem.

“Sombras” onde estavam as tatuagens

Uma decisão quase “para a vida”, já que a remoção passa pelo laser e deixa sempre marcas, neste caso, “sombras”, ou, em casos mais extremos, pela remoção cirúrgica da pele.

Os casos que chegam ao consultório do dermatologista são os que o levam a reforçar a necessidade de haver regulamentação. Alergias com casos que correm mal ou necessidade de remoção da tatuagem são das principais razões da visita dos pacientes. “Recordo-me de uma adolescente que veio ao consultório implorar-me para remover a tatuagem que dizia ‘Amo-te José’ para o atual namorado não ver outro nome tatuado na pele.

A DECO tinha feito um alerta em 2011 ao publicar na revista “Teste Saúde” uma avaliação, na qual destacavam problemas na gestão do material perfurante e dos resíduos e a falta da qualidade de informação que existe na maioria dos espaços onde se fazem tatuagens e piercings. Atualmente ainda não há legislação sobre o tema, mas a associação já fez saber que vai insistir com a revisão de uma proposta de boas práticas. “É preciso avisar as pessoas de todos os perigos, de que pode haver alergias, de que pode haver infeções, acerca dos produtos que são usados e o tatuador deve ser certificado”, remata Jorge Rozeira.