Beatriz Antunes, 16 anos, estava na primeira fila do Auditório A da Comic Con Portugal desde as 12h. O motivo? “Nao quero correr o risco de não conseguir lugar quando a Natalie Dormer vier”, explicou a jovem, vestida como “Pikachu”, o “preferido” da série infanto-juvenil “Pokémon”.

A atriz, conhecida pelos papéis nas séries “Guerra dos Tronos” ou “Tudors”, só entraria no Auditório A para uma sessão de perguntas e respostas, às 16h, mas isso não impediu dezenas de fãs de marcarem lugar horas antes.

Natalie Dormer não desiludiu e respondeu a várias perguntas dos fãs, afirmando também que “os geeks são a melhor audiência” que uma atriz pode pedir, antes de falar do papel como Margaery Tyrell em “Guerra dos Tronos”. “É bom fazer essa personagem, porque nunca sabes se está a ser sincera ou não”, disse, realçando que na série nunca sabe com quem vai contracenar de temporada para temporada.

Apesar de Natalie Dormer ter recebido a maior ovação e ter conquistado a plateia, o segundo dia de Comic Con foi recheado de presenças, com conversas com Seth Gilliam, o elenco de dobragem portuguesa de “Star Wars Rebels” ou Gonçalo Waddington, o personagem titular no filme “Capitão Falcão”, acompanhado por João Leitão, realizador que tem no filme a estreia cinematográfica, e David Chan, ator e coordenador de stunts.

Um universo paralelo

Longe dos auditórios, os visitantes da feira podiam jogar numa série de arcadas instaladas, em várias consolas da nova geração, ou mesmo em antigas consolas de videojogos disponibilizada pelos expositores. “Foi bom recordar consolas como a Playstation 1 ou a Mega Drive”, disse André Pinto, de 26 anos. “Muitos de nós temos algumas destas a ganhar pó lá em casa, e às vezes esquecemo-nos de como era fixe passar horas a jogar”, explicou.

Outras bancas presentes na feira permitiam aos visitantes comprar videojogos, baralhos de cartas de jogos como “Magic” ou “Yu-Gi-Oh!”, livros de banda desenhada, peluches, entre outros artigos presentes nas várias bancas de editoras e livrarias dedicadas à cultura.

Além da presença de várias bancas com construções “Lego” de naves e personagens do universo “Star Wars”, muito representado pelos cosplayers (visitantes que se vestem como as personagens favoritas de uma série televisiva ou banda desenhada) presentes, podiam encontrar-se workshops de desenho ou cosplay, mas também exposições de action figures de personagens dos universos Marvel e DC, além de bancas dedicadas a artigos de cultura japonesa, desde livros manga a gomas importadas.

As sessões de autógrafos com artistas e escritores de banda desenhada atraíram vários visitantes ao local, com esperança de conseguir um autógrafo de artistas portugueses e internacionais, como Miguelanxo Prado, Brian K. Vaughan, Marcos Martin ou Pia Guerra.

Um fenómeno que começou…com um bebé

Brian K. Vaughan, vencedor de três prémios Eisner, os mais conceituados dentro da banda desenhada, é o homem por detrás do novo fenómeno do género: Saga, uma das séries de BD que mais se viam nas bancas na Exponor, mas também estampadas em t-shirts ou nas mãos de quem tentava um autógrafo do autor.

Ao JPN, o escritor revelou que “Saga” surgiu ao mesmo tempo que o nascimento do primeiro filho. “Tinha muita vontade de partilhar histórias sobre o que é ser pai, mas apercebi-me rapidamente que as pessoas ficam aborrecidas com histórias de bebés, por isso encontrei uma forma de transmitir o drama e a excitação de ser pai através deste projeto”, explicou, antes de se referir a “Y: The Last Man”, série de BD que começou em 2003 e que arrecadou cinco prémios Eisner.

“É lisonjeador que um livro que escrevi nos meus vinte e poucos anos ainda se ligue às pessoas”, disse o artista norte-americano, referindo-se a uma série que colocou grande enfoque no papel das mulheres na sociedade, colocando-as no comando quando um vírus extermina todos os homens com a exceção de um.

Brian esclareceu que, quando começou a escrever “Y:The Last Man”, queria muito “falar sobre género, de uma forma que nunca tinha sido feita dentro do mundo dos comics“. “Neste meio, as conversas sobre género geralmente prendem-se com ‘devemos fazer o peito da Catwoman maior?’, ou ‘deve chamar-se Mulher Invisível ou Rapariga Invisível?'”, comentou o autor, que também trabalhou em séries televisivas como “Lost-Perdidos” ou “Under The Dome”.

A igualdade de género e o feminismo foram tópicos que também surgiram na sessão de perguntas e respostas com Natalie Dormer. “Não acho que feminismo seja acenar a bandeira do poder feminino. Feminismo significa igualdade”, disse a atriz britânica.

A Comic Con Portugal termina este domingo, dia 7, num dia em que estão confirmadas as presenças de Clive Standen, ator da série “Vikings”, além de atores de “Da Vinci’s Demons” ou “The Librarians”.