António Luís Campos, Tiago Costa, Inácio Rozeira e Eduardo Madeira – são os quatro viajantes, fotógrafos e jornalistas. Em 2013, partiram juntos numa viagem de barco pelo rio Beni, um isolado curso de água na Amazónia boliviana, para documentar o quotidiano das comunidades que habitam na suas margens.

Foram em busca de “uma Amazónia onde (sobre)vivem pessoas comuns em condições excecionais”. “Quando nos propusemos cruzar o continente sul-americano através da sua extensão mais larga, num dos ambientes mais exigentes do planeta, a floresta tropical da Amazónia, não tínhamos a cabal noção da envergadura do empreendimento e do impacto que tal teria na nossa visão enquanto viajantes”, conta António.

“A opção por fazê-lo preferencialmente por via fluvial, utilizando sempre que possível os meios de transporte que os habitantes locais usam nas suas deslocações quotidianas, tinha um objetivo: documentar da forma mais profunda possível a vivência das populações ribeirinhas como ela é, mais ou menos convencional, mais ou menos glamorosa, sem cosmética…”.

“(…) a moeda não existe no quotidiano, a terra é comunal e a internet e telefone são miragens”

E foi isso mesmo que fizeram. António fez da lente um diário, Tiago Costa filmou tudo, e Inácio tratou da logística. Leninha também fazia parte do plano inicial, mas um imprevisto acabou por a afastar do troço inicial da viagem. O Eduardo veio depois: “Por uma daquelas obras do acaso que fazem todo o sentido, os nossos caminhos juntaram-se com o do Eduardo, jornalista em sabática que viajava há vários meses na América Latina”, lembra António. Fez as vezes da Leninha e dedicou-se ao texto.

“Ao longo de 1000 quilómetros, navegaram pelo Beni, onde se depararam com pequenas comunidades de meia dúzia de famílias vivendo num paradigma social e económico que desafia as convenções vigentes no mundo ocidental: a moeda não existe no quotidiano, a terra é comunal e a internet e telefone são miragens. Gente tenaz que diariamente enfrenta os desafios de um clima hostil e o isolamento da selva profunda”, relata a sinopse da exposição.

Dois anos depois, contam a história da aventura em 30 fotografias que integram “Sobre | Viver – Amazónia”, uma exposição fotográfica que, até 27 de fevereiro, pode ser visitada no edifício da Reitoria da Universidade do Porto, depois de ter passado pelo Museu de História Natural de Lisboa.

Mas para além das imagens, é ainda possível “refazer” o percurso dos autores através de um documentário vídeo, com a duração de cinco minutos, e da autoria de Tiago, que acompanha e completa a exposição [ver abaixo]. Com entrada livre, pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h00, na sala 346.