Algumas dezenas de alunos reuniram-se, nesta sexta-feira, à porta da Escola Artística de Soares dos Reis, para defender o ensino artístico especializado. Durante a manhã, no intervalo das aulas, os estudantes contestaram o estado da educação artística em Portugal e, em específico, nesta escola da cidade.

As condições de acesso ao Ensino Superior foi um dos pontos mais frisados, uma vez que os estudantes do ensino artístico especializado têm de realizar os exames de Português e Filosofia para acederem à universidade. E, estes, possuem mais valor do que a prova de aptidão artística.

Na manifestação, os jovens recorreram ao som de tambores e apitos para se fazerem ouvir e, uma das alunas responsáveis pela organização do protesto, Alexandra Neves, afirmou que a principal reivindicação é o facto de a avaliação externa ter um maior peso comparada com a interna no acesso às faculdades. “A prova de aptidão artística é aquilo que distingue e define os alunos de artes”, disse a jovem. No entanto, os dois exames estão a deixar essa prova artística, realizado no último ano do percurso escolar, para segundo plano. A estudante defende que os alunos da escola artística têm o direito a um regime de avaliação semelhante ao das escolas regulares.

Outra jovem da escola do Porto, Diana Maia, afirma que as condições dadas pela escola são boas, mas que deveria existir um maior apoio ao estudantes de Artes, uma vez que estes têm uma grande carga horária e, por isso, a entrada nas faculdades torna-se mais difícil.

Há quem não concorde com o protesto

No entanto, existem alunos que não estão de acordo com os protestos dos restantes colegas. Aluno do 12.ºano do curso de Audiovisual,  Daniel, afirma que, comparada com escolas de Artes do estrangeiro, a Soares dos Reis tem muito boas condições e que os materiais que o estabelecimento oferece são mais baratos do que em qualquer outro local. Quanto aos exames que os alunos têm de realizar para o acesso ao Ensino Superior, o jovem de Penafiel diz que não deveriam ser abolidos, mas talvez substituídos por áreas relacionadas com Artes, como, por exemplo, História da Arte.

O diretor da escola de ensino artístico, Alberto Teixeira, afirma que o orçamento a que a escola tem acesso é menor, mas que tal aconteceu em qualquer escola do país, devido aos cortes do Governo na Educação. Apesar disto, o diretor salienta que não houve cortes significativos na disponibilização de ferramentas e materiais dados aos alunos.

Os alunos também demonstraram o seu descontentamento quanto aos custos de deslocação até à escola. Quanto a isto, o docente diz que é responsabilidade das autarquias, mas que existe um grupo de coesão social na escola que apoia os alunos com menos recursos financeiros. Alberto Teixeira salienta ainda que o assunto sobre o acesso à universidade foi já um tema debatido com o Ministério, uma vez que não faz sentido a cotação dos exames de Português e Filosofia, quando a escola tem a prova de aptidão artística, que em tudo se assemelha a um exame nacional.

Para o dia 18 de março está já agendada uma outra marcha para defender o ensino artístico em Portugal.