Mora na Universidade do Porto (UP) o vencedor do Prémio Pulido Valente Ciência 2014. O galadoardo é João Vinagre, aluno de doutoramento do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e investigador no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup), que reconhece a importância da UP na conquista da distinção.

“O Ipatimup faz parte da UP e, assim, fica claro que a universidade me apoiou”. Nas palavras do cientista, a instituição portuense está “no topo no que respeita à investigação das Ciências Biomédicas” e “com poucos recursos” faz frente a “algumas das melhores unidades do mundo”. “A UP é reconhecida mundialmente na investigação”, afirma.

A investigação que pode ser útil em vários tipos de cancro

O Prémio Pulido Valente Ciência, que distingue, desde 2013, o melhor trabalho de investigação das Ciências Biomédicas feito por portugueses com menos de 35 anos, foi conquistado por João Vinagre depois de ter visto a sua investigação publicada na revista Nature Communications.

O trabalho do cientista aponta para a descoberta de que o aumento de uma enzima, a telomerase, associa-se a comportamentos mais agressivos em cancros como o da tiróide, bexiga ou pele.

“Foi um trabalho muito rico. Descobrimos [com Helena Pópulo e Ana Almeida, co-autoras da investigação] que estas alterações da telomerase têm capacidade para identificar, em alguns modelos, tumores que se vão portar de uma forma mais agressiva e que isto pode ter, mais tarde, um impacto forte”, diz o investigador, esclarecendo que a telomerase é um marcador biológico, algo que pode ajudar na distinção entre lesões benignas ou malignas.

E exemplifica: “No cancro da bexiga, os pacientes, ao invés de um tratamento mais demorado e a realização de um exame agressivo, em que é colocada uma sonda pela uretra, têm a hipótese de simplesmente urinar para um copo para, depois, as células serem analisadas e perceber-se se a lesão é benigna ou maligna”.

A investigação de João não surgiu do acaso: “Baseamo-nos em dois trabalhos que apontavam para o modelo teórico. Nós decidimos ampliar a teoria e, em conjunto com pacientes, instituições e clínicas, provámos que as alterações na enzima apontavam para o pior prognóstico, algo que não se sabia na altura”.

O futuro

A conquista do Prémio Pulido Valente que, além do prestígio, deu 10 mil euros a João Vinagre, não inebria o investigador: “O meu sonho era poder continuar no Ipatimup. Preciso de acabar o meu doutoramento e depois vou outra vez a concurso, no próximo ano, e espero ter bolsa pós-doc”, refere, agradecendo mais uma vez à Universidade do Porto. “O máximo que puder dar a esta instituição, melhor”.