O que distingue um disco de vinil de um cd? Bem, o vinil é maior, tem música de cada lado do disco e tem uma qualidade um pouco superior. Quem achava que a era dos cd’s e das musicas digitais tinha matado este formato, estava errado.

Pedro Branco, gerente da loja Porto Calling, não tem qualquer dúvida de que o vinil “está a ir para um bom caminho”. Voltou a estar presente nos dias de hoje e não são só os mais velhos que o procuram. Mesmo as novas gerações acham piada a este formato, e procuram conhecê-lo melhor.

Todavia, Pedro Branco considera mesmo que as empresas estão a aperceber-se da popularidade deste formato e os preços começaram a subir. “O preço médio de um disco ronda os 25 e os 50 euros”, afirmou.

Não existem valores fixos, já que algumas edições de discos mais raros chegam a atingir os quatro dígitos e passam a barreira dos dois mil euros. Mas tudo depende do comprador. O dono da Porto Calling confessa que não daria esse valor pelo disco que influenciou o nome da loja (“London Calling” dos The Clash).

A subida dos preços na música tem sido um entrave ao alargamento do mercado dos discos vinil. O valor do IVA relativo à música mantém-se nos 23%, o que obriga a procura a virar-se para as facilidades da Internet. “Música é cultura… Não faz sentido o IVA ser 23% enquanto que nos livros é apenas 6%”, explicou.

A compra do disco de vinil pode chegar ao extremo do colecionismo. Contudo, este formato de música não tem um público-alvo bem definido. Conta com pessoas de todas as idades, algumas que chegaram a desfazer-se das suas coleções quando surgiram os cd’s, outras que sempre compraram e mesmo com os jovens, que começam a ganhar gosto pelo vinil.

O vinil não é só para as camadas mais velhas

Ainda existem muitos jovens interessados na compra deste formato de música. Diogo da Costa Leal, 25 anos, diz preferir o vinil a todos os outros formatos muito por influência do pai. “Foi ele que cultivou em mim o interesse pelo vinil”, esclareceu. Este jovem acredita que o mercado no vinil nuca irá morrer, visto que o mercado de usados deste objeto é muito procurado e tem preços acessíveis. Apesar de admitir que o que é moda hoje, amanhã pode cair em desuso, Diogo escolhe sempre este formato, também pela melhor qualidade do som.

Por sua vez, Carlos Vieira, 21 anos, acredita que existem dois tipos de compradores no mercado de vinil. Os que compram por ser moda e os que o fazem por gosto pela própria essência do disco e pela melhor qualidade. Mas não acredita que o vinil desaparecerá. “Penso que os cds é que acabarão por deixar de existir”. Todavia, deixa uma crítica à sociedade potuguesa. “Comparando o nosso salário mínimo ao preço da cultura… A cultura fica mesmo muito cara.”

Num universo de muitos milhões de discos de vinil, Diogo da Costa Leal conseguiu identificar o que mais o marcou. Trata-se de Tapestry, da autoria de Carole King. Porém, Carlos Vieira diz ser uma tarefa quase impossível. Apenas apontou o último disco que comprou, 8 de Sensible Soccer.

O disco de vinil teve um período de grande popularidade, acabou por cair, mas está a voltar a erguer-se.