Chegou ao fim mais uma edição do Fantasporto. Entre curtas e longas metragens, muitos foram os filmes que encheram de cinema “fantástico” – e não só – os auditórios do Rivoli. Este ano eram 28 os países representados.

Os vencedores foram anunciados ontem, com Liza,  A Fada-Raposa a destacar-se como o primeiro filme húngaro, na história do festival, a vencer a principal secção. A primeira longa-metragem do realizador Károly Ujj Mészáros – distinguida, também, com o prémio de melhores efeitos especiais – conta a história de Liza, uma enfermeira em busca do amor que, por ciúme, se vê transformada numa fada-raposa.

Cinema português

Este ano, foram 57 os filmes portugueses em exibição, apesar da amostra só contar com uma longa-metragem, o filme “A Porta 21”, de João Marco. Em comunicado, a organização recordou a missão do festival em “tornar melhor o cinema português” e em “educar as gerações futuras para a arte global que é o cinema”.

Sessão de encerramento

Neste sábado, a sessão de encerramento do 35.º Fantas praticamente encheu o Grande Auditório. A cerimónia começou com um espetáculo de dança, muito bem recebido pelo público. Afinal, o tema de fundo desta edição era a Dança – “do folclore à contemporânea”. A entrega de prémios começou por contemplar o Prémio do Público: Levan Bakhia, da Georgia, recebeu em mãos o galardão, pelo filme Landmine Goes Click. 

Ricardo Figueira, jornalista da Euronews, seguiu-se no palco para receber o prémio de Melhor Jornalista, pela forma exímia como tem coberto o festival. “Nunca fiz mais do que a minha obrigação. (…) Se estamos presentes em festivais de todo o mundo, também temos de estar no maior festival português.”, afirmou o jornalista. O prémio da crítica foi atribuído a Thierry Sebban e recebido pelo próprio, contente por estar no Porto e receber o primeiro prémio da carreira.

Homenagem no Pequeno Auditório

E porque as homenagens e retrospetivas são presenças incontornáveis no Fantasporto, à mesma hora, no pequeno auditório, era exibido “Citizen Kane”, de Orson Welles. Este ano celebra-se o centenário do nascimento do cineasta. 

O Prémio Cinema Português  foi divido entre a Menção Honrosa – recebida por Rui Neto e Joana Nicolau em “Bestas”, pela criatividade, e Melhor Filme – pelas mãos de Nuno Noivo e João Fantas, em Renaissance. No Concurso Entre Escolas foi a Universidade Lusófona de Lisboa que levou a melhor. Nesta secção estavam em competição duas escolas de cinema do Porto, a Escola Artística de Soares dos Reis e a Universidade Católica do Porto (Escola das Artes).

O Prémio Carreira foi entregue ao realizador, produtor e distribuidor cinematográfico Fernando Vendrell, que fez um discurso emocionado fez um discurso emocionado. Catriona MaCcoll, atriz inglesa, foi também honrada pela carreira.

À entrega de prémios seguiu-se o discurso de Mário Dorminsky, da organização. Com o balanço deste ano, uma retrospetiva de anos passados e uma antevisão do futuro, Dorminsky lembrou que “os últimos 10/12 anos foram de resistência”e que “fazer atualmente um festival é complexo”. Falou do festival de Tróia, que este ano termina por falta de apoios, e da urgência [do Fantasporto] permanecer independente. Mas a sessão de encerramento não ficou por aqui. Seguiu-se Patch Town, do canadiano Craig Goodwill – uma comédia que conta a história de Jon, um homem que trabalha numa fábrica de bebés e que sonha reunir-se com a sua mãe adotiva, que há muito o abandonou. Um filme “estranho” que animou o público.

Outros prémios

O prémio especial do júri do Cinema Fantástico foi atribuído a Wolfcop, de Lowell Dean, enquanto Hungerford, de Drew Casson, recebeu uma menção especial e o prémio de Melhor Actriz pela interpretação de Georgia Bradley. A Melhor Realização foi para Romain Basset por Horsehead e o Melhor Argumento foi atribuído ao sulcoreano Jong-Ho Lee por  Mourning GraveRupert Evans distinguiu-se como Melhor Actor pelo seu trabalho em The Canal, de Ivan Kavanagh.

A 25.ª semana dos realizadores ficou marcada pela imigração e pelo choque de culturas. O grande prémio nesta secção foi atribuído à co-produção germano-iraquina Memories on Stone, de Shawktat Amin Korki. O filme “narra as múltiplas e inesperadas dificuldades que dois irmãos curdos criados na Alemanha encontram ao fazer um filme, com o apoio da resistência curda, sobre um massacre ocorrido no Curdistão iraquiano no tempo de Saddam Hussein”. O filme valeu ainda aos autores uma Menção Honrosa por parte da crítica. El Rayo, de Ernesto de Nova – a odisseia de um imigrante marroquino em Espanha que tenta regressar ao seu país – conquistou o Prémio Especial do Júri. Ainda nesta secção, o coreano Shim-sung Bo foi distinguido com o prémio de Melhor Realizador, com o filme Hae Moo, que venceu também a secção Orient Express.

Perspetivas para 2016

O Fantasporto está de volta em 2016, entre 26 de fevereiro e 5 de março. Segundo a organização, para o ano haverá “menos filmes em competição”. Este ano, o grande volume de filmes dificultou o trabalho do júri, sobretudo pela discrepância entre as secções. Em comunicado, a organização adiantou ainda que o tema de fundo do próximo ano será a Música – recorde-se que este ano foi a Dança.