O atentado que a 11 de março 2004 chocou Madrid e originou 191 mortos e 1857 feridos, ficou na história como o maior atentado de Espanha e um dos mais mortíferos da Europa. Quatro comboios da linha que ligava Alcalá de Henares à estação madrilena da Atocha foram bombardeados e os principais responsáveis suicidaram-se, um mês depois, no apartamento onde estavam escondidos.

Na altura, o Governo de José María Aznar estava no poder, um mandato que ficou marcado pela aliança com os EUA na Guerra do Iraque. Em resposta aos que achavam que era culpado, Aznar apontou a falsa pista do envolvimento da ETA. Não foi encontrado qualquer fio condutor que indicasse a responsabilidade do grupo basco.

Cobertura JPN

Em 2004, o JPN também acompanhou a situação. Para ver, aqui:

O atentado

O massacre de Madrid pelo Mundo

O desfecho

Desde logo, o Jihadismo e a Al-Qaeda foram falados como possíveis autores do atentado. A justiça espanhola considerou provada a responsabilidade da Al-Qaeda no atentado, que terá sido a resposta à desmantelação, pela polícia espanhola, de uma rede da organização em 2001.

Onze anos depois, os acontecimentos do 11 de março de 2004 continuam presentes na memória dos espanhóis. O medo que assolou o país naquela manhã dissipou-se, mas o vazio e a solidão regressam a cada ano.

“Toda a gente estava assustada”

Elena Panadero, de 21 anos, lembra as imagens do atentado que viu nesse dia: “Quando cheguei a casa da escola, a televisão estava ligada no TeleMadrid e as apresentadoras comentavam umas imagens que passavam repetidamente”. Após ver o descarrilamento dos comboios, Elena pensou na família: “É muito normal que toda a gente tenha família na capital, por isso, depois de saber que não havia ninguém ferido, foi uma sensação muito parecida ao 11 de setembro”.

Por coincidência, as eleições que levaram José Luiz Zapatero ao poder, marcadas para o dia 14 de março, deram azo a uma discussão política que desrespeitou a perda das famílias das vítimas do atentado: “Devido à polémica com o presidente Aznar, desde o primeiro momento se falou em política. Foi feio”, afirma Elena.

Eduardo Guinea, também de 21 anos, viajou pela primeira vez de comboio no fatídico dia. “Estava numa visita de estudo e, apesar de não perceber nada, vi que as professoras estavam a falar da bomba e toda a gente estava assustada”. Eduardo conta, também, a história de um pai de um amigo que apanhava o comboio nessa linha diariamente: “Por sorte, nesse dia, atrasou-se e não conseguiu apanhar o comboio a tempo, e acabou por salvar-se”.

Daniel Prol, de 20 anos, recorda que estava na escola quando soube da notícia. “Lembro-me que o atentado dividiu Espanha. Eu não senti a perda que muitas famílias sentiram, mas ainda há sequelas”. Apesar disso, Daniel acredita que “com a união de todos, Espanha venceu o terrorismo”.

Espanha tem desenvolvido, ao longo dos anos, uma política de proteção anti-terrorista, mas continua a ser um dos alvos do terrorismo islâmico, que clama a intenção de recuperar território espanhol que pertenceu aos árabes até ao XV, o “Al-Andaluz”.