Desengane-se se leu “fusão nuclear” e pensou nos desastres ambientais de Chernobyl e Fukushima. A fusão “recria a energia das estrelas num reactor situado na Terra”, explica Francisco Salzedas, investigador do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN) e professor na Universidade do Porto, em declarações ao JPN.

Este vertente da energia nuclear foi descoberta pelos cientistas Robert Atkinson e Fritz Houtermans, em 1929. Nos anos 50 começou a ser investigada a possibilidade de usar a fusão nuclear para fins civis e, a partir daí, construíram-se diversos reatores termonucleares para testar esta teoria.

E como é que se dá este processo? Bem, começa pela junção de dois núcleos leves (deutério e o trítio) que, colidindo, formam elementos mais pesados e geram energia que pode ser aproveitada para gerar eletricidade.

Energia nuclear: fusão e fissão são coisas diferentes

A fusão nuclear é uma energia limpa que não apresenta perigos ambientais. Ainda está em fase de investigação e é obtida através da junção de núcleos leves.

A fissão nuclear esteve na origem dos conhecidos desastres de Chernobyl (1986) e Fukushima (2011). É obtida através da cisão de núcleos pesados e tem propriedades radioativas.

Como a fusão depende da prática e, atualmente, os reatores que existem são demasiado pequenos para que consigam suportar as temperaturas elevadas necessárias, está a ser construído, no sul de França, o International Thermonuclear Experimental Reactor (ITER), para efeitos de investigação.

Um projeto gigante. Com trinta anos de existências muitas peripécias pelo caminho, é um consórcio entre a União Europeia, China, Japão, Índia, Estados Unidos, Coreia do Sul e Rússia, ou seja, 35 países. O ITER vai ser o maior reator termonuclear do mundo e, se isto não o impressiona, saiba que vai chegar aos 150 milhões de graus celsius, temperatura dez vezes superior à do sol e vai pesar o equivalente a três Torres Eiffel. Tudo isto para provar a viabilidade da fusão como fonte energética, como explicou Francisco Salzedas, e deverá estar concluído em 2020.

A comprovar-se a comercialização da energia de fusão, tornar-se-á importante a existência de reatores nucleares em Portugal e em todo o mundo, porque é uma fonte de energia limpa, estável, não produz lixo radoativo, gera-se energia conforme é necessária, os reatores podem ser construídos em, potencialmente, qualquer lugar, e é independente das condições atmosféricas e naturais.