Com o aproximar do fim do mandato na administração da Fundação da Casa da Música, José Manuel Dias da Fonseca afirma que, ao longos dos últimos anos, o objetivo da administração foi sempre garantir à instituição as melhores condições possíveis, tirando o Conselho de Administração da ribalta e acentuando o que realmente é importante.

Com os cortes de 10 para 7 milhões de euros no ano de 2012, Dias da Fonseca, admitiu nesta quarta-feira, numa conferência de imprensa dedicada à programação da Casa, que nem sempre foi fácil, mas que “houve um esforço enorme de sustentabilidade e de equilíbrio”. Segundo o ainda presidente do Conselho de Administração, “a equipa da Casa da Música fez um trabalho notável, conseguindo adaptar-se às circunstâncias e à conjuntura financeira”.

Dias da Fonseca afirmou que a situação atual não compromete em nada o futuro, mas que os cofres não se encontram cheios. Os primeiros dez anos da Fundação da Casa da Música criaram as condições para que este projeto continue a crescer no futuro, segundo o atual presidente.

Quando questionado sobre se há dez anos poderia ter imaginado que o impacto e projeção da instituição fosse tão grandiosa em Portugal e no Porto, o Dias da Fonseca responde que sim. Sublinhando que a criação da orquestra, aquando da criação da Fundação, foi uma das coisas mais importantes que já fizeram. Em relação ao sistema educativo que a Casa da Música tem vindo a desenvolver, Dias da Fonseca afirma que nunca imaginou que pudesse vir a ter a imponência que tem atualmente.

Apesar dos cortes, celebrações avançam

O corte de 30% no orçamento fez com que a programação tivesse que ser repensada, dando um impulso à criatividade da equipa, afirma António Jorge Pacheco. O diretor artístico diz que o objetivo foi continuar com uma programação de qualidade, mas onde a diversidade e a representatividade dos vários géneros musicais imperassem.

Ao longo dos quatro dias de celebrações do aniversário redondo, a variedade de espetáculos vai estar patente, dando grande destaque à representação dos agrupamentos residentes na Casa. O diretor artístico recusa que esta representação esteja interligada aos cortes orçamentais, afirmando que não faria sentido comemorar dez anos sem dar um enfoque especial aos agrupamentos da instituição.

A CASA EM NÚMEROS

13.330 atividades culturais

200 encomendas musicais

4.538.180 visitantes totais

O público vai ter acesso a visitas guiadas pela Casa da Música e a deambular por recantos que não estão visíveis diariamente. Os ensaios dos agrupamentos residentes também vão estar abertos aos amantes da música, sendo esta uma alternativa para os que não podem assistir aos concertos formais, devido à disponibilidade de tempo ou financeira.

A orquestra sinfónica vai reafirmar o seu papel durante esta efeméride, assim como o sistema educativo, com programas especiais para as crianças, para as escolas e para as famílias.

No dia 10 de abril, um recital de órgão na Igreja dos Clérigos vai levar a música para fora da Casa, algo que a direção artística tem tentado expandir. À noite, e no Ano da Alemanha, um concerto da Orquestra Sinfónica juntamente com o Coro, vai estrear uma obra surpresa.

Concertos da Orquestra Barroca, o NOS-Club com a rapper portuense Capicua ou com o artista inglês Tricky, ou o concerto do guitarrista norte-americano Kurt Rosenwinkel são também algumas das atrações destes quatro dias (9 a 12 de abril).

Para comemorar estes dez anos da Casa da Música foram feitas, por compositores com ligações estreitas à instituição, miniaturas musicais com dez segundos.