O design português viajou para o outro lado do oceano e conquistou a principal organização internacional de apoio à excelência em tipografia. A The Type Directors Club considerou que CASSANDRA, projeto português ao qual o Atelier d’Alves se encarregou de dar vida tipográfica, merecia o certificado de excelência no design editorial. De entre de cerca de 3000 projetos em concurso, o livro português foi um dos selecionados para receber o prémio.

Cassandra, jovem e bela profetisa na qual ninguém acreditava, tornando-se o seu dom a sua maldição, e o futuro de Portugal são os tema e o fio condutor do projeto que foi desenvolvido ao longo de um ano, pelo atelier com base no Porto. O livro que conta com monólogos de sete autores portugueses foi encomendado ao Atelier por Nuno Cardoso da associação cultural portuguesa Cão Danado. E, ao JPN, Sérgio Alves, membro da equipa do Atelier, conta que CASSANDRA foi um projeto no qual os designers intervieram logo desde o início de uma forma profunda, vendo já nele um grande potencial.

O Atelier

Sérgio Alves começou a trabalhar em projetos em 2009, ainda quando frequentava a faculdade. Em 2013, e depois de acabar o curso na ESAD, já fazia sentido ter o seu espaço físico. Sendo assim criado o Atelier d’Alves que vai somando os seus clientes e os seus projetos.

Ao longo de um ano de desenvolvimento do trabalho, os designers que paginaram a obra portuguesa “trabalharam individualmente cada texto que constitui o livro, trabalhando cada um pela sua particularidade”. Sérgio Alves afirma ainda que a ideia de um livro único e singular esteve presente, “mas sempre com a característica de cada texto possuir uma forma gráfica diferente”.

Uma vez que todos os textos estão ligados a um futuro presente de um Portugal  que atravessa uma crise financeira, que se vai tornando social e cultural, com um elemento comum, Cassandra, depois de um ano a desenvolver o projeto com um resultado bastante satisfatório, para a equipa do Atelier d’Alves pareceu ser certo concorrer a vários prémios. O certificado de excelência de design editorial pela organização nova-iorquina foi o primeiro, até porque os resultados dos restantes concursos aos quais o livro está a concorrer ainda não saíram.

Desta forma, Sérgio Alves, afirma que este reconhecimento internacional é uma forma de levar o nome de Portugal a todos os cantos do mundo, mesmo com o facto de a maior parte das pessoas não conseguir perceber o que lá está escrito, conseguem perceber o design tipográfico. E, desta forma, perceber que a obra é mais do que letras impressas e, que os textos que ganharam formas e, talvez, até vozes. Para aqueles que percebem a língua, pode mesmo transportá-los no espaço.

O projeto, de 2014, selecionado pela organização fundada em 1946, tem agora a oportunidade de viajar um pouco por todo o mundo, estando presente em sete exposições, em países como o Japão, Canadá ou Alemanha.

Para a equipa do Atelier de designers portuenses, este reconhecimento “é bastante gratificante, porque é um prémio ao nível da tipografia que já premiou grandes designers ao longo do tempo”. Para Sérgio Alves, desde o início, CASSANDRA não foi apenas um livro, mas sim um projeto que tinha aspirações a ser muito mais. O Atelier d’Alves está agora envolvido em vários projetos, talvez alguns deles possam também ter a projeção desta obra portuguesa.