O Porto tem-se tornado, com o tempo, uma cidade dinâmica, ativa e cada vez mais recetiva a espaços criativos. São espaços que juntam mais do que um negócio no mesmo sítio, com recurso à junção da funcionalidade e da criatividade. Desta forma, o público tem a oportunidade de usufruir de um café, enquanto pode aproveitar para participar em workshops, ver exposições, tomar parte de degustações e comprar peças antigas.

“O Porto sempre teve um espírito um bocadinho alternativo”

O Café Criativo, situado na Rua da Torrinha, concilia o conceito de café normal com restauração de mobiliário ao vivo e workshops de mobiliário e de outras artes, como a fotografia analógica.

Rute Loureiro, gerente do estabelecimento, é arquiteta de formação e sempre quis criar para além de executar. Os móveis sempre a acompanharam, tanto por necessidade como por gosto. O Café Criativo, inaugurado em outubro de 2014, dirige-se a um vasto público: “Procuramos rentabilizar o espaço e organizar atividades que estão direcionadas para diferentes públicos-alvo, desde a senhora do lado que está habituada a um café mais barato, até a alguém que valoriza um café diferente”.

Os workshops do Café Criativo decorrem ao fim-de-semana e podem durar de três horas a um ou dois dias – os de um dia oferecem, inclusive, um lanche na pausa que é necessária para a tinta secar. Nestas oficinas de renovação de mobiliário há um mood board, onde as pessoas podem procurar inspiração para cores, texturas e padrões.

Na opinião de Rute Loureiro, o Porto é o sítio certo para abrir um estabelecimento com várias caras, pois “sempre teve um espírito um bocadinho alternativo e tem as pessoas com o espírito aberto necessário para ter espaços diferentes”.

[soundslides width=”520″ height=”480″ id=”275777″]

“Os espaços criativos são espaços muito pessoais”

Inaugurado a 17 de janeiro, o Espiga nasceu da vontade de conciliar a cultura, o convívio e a dinamização de eventos. Hugo Moura, sócio-gerente, afirma o crescente gosto das pessoas por este tipo de estabelecimentos. “Cada vez mais as pessoas querem espaços multifuncionais, onde podem ter diferentes tipos de experiências. Cada vez mais faz sentido, porque torna o espaço muito mais dinâmico”, considera.

Quanto ao público-alvo do Espiga, Hugo Moura esclarece que há muita curiosidade à volta do estabelecimento: “Há muita gente à descoberta, a tentar perceber o que é o Espiga. Muitas pessoas entram por curiosidade e voltam depois, ou ficam logo. Temos também muitos turistas, que procuram outro tipo de ambiente”.

Hugo Moura explica que a pluralidade é o factor que impera nestes espaços e que, apesar de expandirem horizontes, são, ao mesmo tempo, muito pessoais: “Este tipo de espaços são muito pessoais, porque as pessoas que os criam têm diferentes ideias e tipos de formação e tentam conciliar tudo num projeto”. É o caso de Hugo, cuja formação em design reflete-se no Espiga.

Quanto ao futuro do projeto, Hugo realça a vontade de uma “transição natural”. O objetivo é trazer nomes da música, do cinema, da fotografia e de outras artes às instalações organizadas, mas de uma forma fluída e incentivando, ainda, sugestões do público.

[soundslides width=”520″ height=”480″ id=”275779″]

Espaços que acolhem um mundo de artistas e coleções

Mercado 48 é o nome dado ao espaço que reúne, na Rua da Conceição, as coleções de mais de uma dezena de artistas nacionais, de várias áreas. Conceito criado por dois empresários de Ovar, tem como objetivo apoiar diferentes grupos de criadores emergentes.

No início, a intenção era a de instalar apenas um back café. Hoje, encontra-se um estabelecimento que comercializa “um pouco de tudo”, segundo conta ao JPN José Moutinho, um dos dois sócios-fundadores do projeto. Na montra do Mercado 48, o destaque vai para as bicicletas de madeira (criação da MUD Cycles), elementos à volta dos quais se pensou toda a decoração da loja.

Apesar de só ter nascido no final do ano passado, o balanço deste curto caminho do Mercado já é positivo. Os proprietários puderam já inaugurar uma segunda divisão completamente dedicada à arte e programada para albergar duas exposições por ano.

E se, numa primeira fase, foi o estabelecimento que andou à procura de designers e artistas para representar neste espaço, hoje, o processo já se encontra completamente invertido. “Já são os próprios criadores que vêm falar connosco”, confessa José Moutinho. Ainda assim, uma vez que o espaço não consegue acolher todas as propostas simultaneamente, a política instalada pelos proprietários foi a da “roda dentada”.

Esta dinâmica pressupõe que os artistas e coleções se revezem, o que implanta um processo de constante metamorfose do espaço. A outra regra do jogo é que “tudo está à venda”, “desde as prateleiras aos tapetes”.

[soundslides width=”520″ height=”480″ id=”275783″]