Um artigo desenvolvido por investigadores da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) foi distinguido com uma menção honrosa pela Sociedade Americana de Toxicologia (Society of Toxicology – SOT). Os efeitos do consumo de ecstasy no cérebro é o pano de fundo do artigo, desenvolvido no âmbito da tese de doutoramento em Ciências Farmacêuticas de Daniel Barbosa, aluno da FFUP.

trabalho, intitulado “The mixture of ‘ecstasy’ and its metabolites impairs mitochondrial fusion/fission equilibrium and trafficking in hippocampal neurons, at in vivo relevant concentrations”, e publicado na conceituada revista científica Toxicological Sciencesfoi reconhecido como um dos três melhores artigos científicos publicados em 2014.

Ecstasy

Conhecida como “ecstasy” e MDMA, a metilenodioximetanfetamina é uma droga moderna sintetizada. O principal efeito na fisiologia humana é a diminuição da reabsorção da serotonina, dopamina e noradrenalina no cérebro, o que causa alterações na perceção sensorial do consumidor.

O estudo prova, pela primeira vez, que o consumo de ecstasy e os seus metabólitos modulam, de facto, a dinâmica mitocondrial, nomeadamente o tráfego e os processos de fusão e fissão em neurónios. Em termos práticos, o efeito diminui drasticamente a capacidade de os neurónios obterem a energia essencial para o seu bom funcionamento.

Também pela primeira vez, este fenómeno foi filmado em tempo real e os vídeos sustentam o artigo. Félix Carvalho, um dos orientadores da tese de doutoramento, sublinha que os efeitos observados são fundamentais para melhor se compreender a neurotoxicidade desta droga de abuso.

Para além de Félix Carvalho, o autor da dissertação teve também a orientação de João Paulo Capela (Laboratório de Toxicologia da FFUP) e Eduardo Soriano (Universidade de Barcelona). Mas não só. Investigadores como Romàn Serrat, Serena Mirra, Martí Quevedo, Elena Goméz de Barreda, Jesús Àvila, Luísa Maria Ferreira, Paula Sério Branco, Eduarda Fernandes, Maria de Lourdes Bastos, contribuíram para o desenvolvimento e o bom porto da investigação.

O artigo foi um dos três distinguidos com uma “Menção Honrosa” pelos membros da Comissão Editorial e pelo Editor-in-Chief da Toxicological Sciences – revista oficial da Sociedade Americana de Toxicologia -,  que, todos os anos, selecionam os melhores artigos publicados na revista no ano anterior.

A distinção foi divulgada recentemente no congresso anual da SOT, que decorreu em San Diego, nos Estados Unidos.