Não ganharam mas a experiência ninguém lhes tira. Cinco estudantes de Mestrado Integrado em Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) marcaram presença no concurso “Design & Construct 2015”, em Istambul, na Turquia. João Pedro FerreiraAna Rita Barbosa, Rita SilvaAlexandre Polícia e Sérgio Vallejo constituem a única equipa que representou Portugal neste concurso internacional, o que lhes deixa “uma sensação extremamente agradável”, mas ao mesmo tempo é “uma grande responsabilidade”.

João Pedro não é o capitão de equipa (esse seria o Sérgio Vallejo) mas fala por todos quando admite “não há palavras para descrever esta experiência”: “Foi extremamente gratificante, porque contactamos com diferentes culturas e com diferentes opiniões em termos de concurso e pontos de vista”. De facto, não chegaram ao pódio nem ganharam o prémio de estética, que era uma distinção à parte, mas João não deixa de referir que “o concurso correu muito bem, não só do ponto de vista pessoal, mas também do ponto de vista profissional”.

Prémios

Para já as únicas posições que foram divulgadas foram os três primeiros lugares (primeiro lugar para a equipa da Turquia, segundo para os croatas e terceiro para uma equipa do Irão) e o prémio de estética, que foi para uma equipa italiana.

O valor dos prémios variava entre três mil euros, 1500 euros e 750 euros, do primeiro ao terceiro, respetivamente. A acrescentar o prémio de estética, que garantia 500 euros.  Os vencedores não ganharam só em euros, mas também em reconhecimento internacional.

Foram 17 as equipas que marcaram presença no concurso.

Este concurso internacional de Pontes Metálicas recebeu projetos de todo o mundo e premiou as melhores construções da área da Engenharia Civil, no ramo das Estruturas. A ponte portuguesa assemelhava-se a uma sardinha ou a uma molécula de ADN e foi inspirada na cidade Invicta.”Confecionámos a nossa ponte não partindo de uma ponte em específico, mas partindo de todas as que existiam no Porto”, explica João Pedro. Que fique bem esclarecido, no entanto, que “tem um design que não existe, foi criado exclusivamente”, sublinha.

Os requisitos do concurso consistiam em projetar uma ponte em formato real, viável para futuras construções, não pode funcionar só no papel. João explica o que se avaliava: “A estética da ponte, o aspecto construtivo, ou seja, a maneira como se constrói a ponte, e depois a formação e o tempo de construção”. A competição foi desenvolvida por associações de estudantes e professores da faculdade de Istambul, em parceria com empresas internacionais, e realizou-se de 14 a 17 de abril.

A equipa lusa esteve na Turquia entre 12 e 18 de abril para “salvaguardar qualquer problema que pudesse surgir”. Realizaram-se duas etapas distintas: a primeira só de estética e a segunda sobre a parte estrutural, o tempo de construção e restantes aspectos decisivos na classificação. O custo da estrutura deverá ser o menor possível.

Patrocínios

Construir uma ponte não fica barato, mesmo que seja uma maquete. Esta ponte custou cerca de 10 mil euros a produzir, o que implicou mobilizar patrocínios. A equipa portuguesa contou com a ajuda financeira da Metaloviana, uma empresa de Viana do Castelo, mas também com apoios da Internacional Association of Civil Engeneering Students (IACES) e do departamento de Engenharia Civil da FEUP, entre outros.

Origem, desenvolvimento do projeto e planos futuros

Tudo começou numa conversa de café entre João Pedro Ferreira e Sérgio Vallejo. A ideia veio de um cartaz em exposição na FEUP, em dezembro. Já em janeiro decidiram que era para levar o projeto para a frente e chamar mais três pessoas. Juntaram-se Ana Rita Barbosa, Rita Silva e Alexandre Polícia  para formar a equipa. No entanto, apesar da vontade de participar, João menciona que ficaram “um bocado renitentes em relação à concretização do projeto em si”, uma vez que é “completamente à parte da Universidade”. Apesar de esta ter garantido o seu patrocínio, os estudantes têm de retirar do seu tempo pessoal para se dedicarem ao projeto: “foram quatro meses todos os dias a trabalhar nisto”, diz João, mas não se arrepende.

E quanto ao futuro? Para já, é incerto. O primeiro passo é a equipa reunir com os colaboradores e patrocinadores para lhes dar “uma satisfação e fazer o balanço de todo este processo”. Depois tencionam trazer a ponte para Portugal, para ficar em exposição na FEUP. E para o ano há mais: o grupo quer voltar a participar no concurso e “quem sabe, até lá,” envolverem-se “noutros projetos ligados à Engenharia Civil.”