Em Portugal, o mercado da cerveja artesanal tem crescido de forma visível, mas ainda representa um ínfima parte do consumo da bebida. Nos últimos tempos, e depois do aparecimento da primeira marca portuguesa, a Sovina, surgiram dezenas de outras marcas no mercados português. Mas com o investimento que é necessário, muitas não vão sobreviver durante muito tempo, segundo Arménio Martins, um dos sócios da Sovina – e também mestre cervejeiro.

Os apreciadores dizem que as diferenças entre as cervejas artesanais e industriais são muitas. Para o mestre cervejeiro, as principais características que fazem esta cerveja é a seleção rigorosa dos ingredientes e a sua grande qualidade: “Não pode haver poupanças”, afirma. Na produção da cerveja artesanal o controlo manual é fundamental e a mão de obra é, neste processo, fundamental. Estas particularidades contribuem para a diferença de preços entre uma cerveja normal e uma artesanal. Para beber uma cerveja artesanal o preço a pagar é mais elevado.

Na arte deste tipo de cerveja está envolvido um grande processo de seleção dos ingredientes e, segundo Arménio Martins, faz parte apenas da cerveja artesanal quatro ingredientes: a água, o malte, o lúpulo e levedura. Tornando-se, assim, um produto 100% natural. O uso de maltes especiais e de lúpulos do mundo inteiro “oferecem à cerveja corpo, aromas e sabores únicos”. A produção de cerveja pode levar um mês, quando se trata de uma cerveja normal; ou quatro meses, quando se fala em cervejas especiais, devido ao período que demoram a fermentar.

O mercado da cerveja artesanal está em crescimento, mas ainda não é rentável, diz o mestre cervejeiro ao JPN. Segundo Arménio, a exportação é um dos objetivos da sua marca. É necessário, no entanto, um aumento da mão de obra no futuro próximo, para que a produção possa aumentar e tornar-se sustentável e compensatório. Neste tipo de arte “tem que haver uma grande paixão e alma e, claro, muitas horas de trabalho”, afirma.

 “Há muito mais amor na produção deste tipo de cerveja”

Os espaços onde se comercializam as cervejas artesanais começam a aparecer pelo país e pelo Porto. Na Rua de Cedofeita, o Catraio é um dos espaços onde as diferentes marcas que começaram a emergir já podem ser provadas pelos apreciadores ou pelos mais curiosos.

A paixão pela cerveja artesanal fez com que Ricardo Queirós abrisse o espaço no centro da Invicta. Para o sócio, o espaço abriu aliado também ao sentido de oportunidade, uma vez que o mercado está a crescer, o interesse dos consumidores é maior e “está na moda”. Para o apreciador as diferenças entre uma cerveja artesanal e industrial são imensas. Sobretudo no que diz respeito aos ingredientes naturais que constituem o produto artesanal, “há muito mais amor na produção deste tipo de cerveja”, afirma Ricardo. O apreciador diz mesmo que “uma má cerveja artesanal é melhor do que uma boa cerveja industrial”.

Segundo, o sócio do espaço e também apreciador, a diferença dos preços das cervejas artesanais e industriais é grande, mas quem procura uma boa cerveja não se importa de pagar a qualidade: “É como beber um bom copo de vinho”, afirma.

O aparecimento de várias marcas de cerveja artesanal tem aumentado de forma visível nos últimos tempos. Para o apreciador desta cerveja todas elas conseguem ter algo de diferente e marcarem a distinção deste produto de excelência. “Este tipo de cerveja está muito ligado à terra e à sustentabilidade o que torna o produto ainda mais especial”, afirma Ricardo.

Para os amantes desta bebida e arte, no próximo mês de julho, entre os dias 9 e 12, em Caminha vai decorrer o ArtBeerFestival, onde se poderá apreciar e conhecer a cerveja artesanal.

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