O Murus, movimento cívico estudantil criado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), combina a luta pela causa estudantil à consciencialização para a participação ativa do cidadão em questões políticas e sociais.  Surgiu de uma ponte com o projeto Mutações Poéticas, grupo de poesia da FLUP que, considerando a mudança de mentalidades causada pela intervenção cultural, avançou para uma ação mais direta em problemáticas de educação social e política educativa.

Segundo Sofia Carvalhinha, membro fundador do Murus, a necessidade de uma “simbiose entre a teoria e a ação” e a “constatação de que o movimento estudantil tem vindo a perder força” incentivaram o surgimento do grupo. Sofia indica haver uma passividade relativamente às reivindicações levantadas pelos estudantes: “Não está a haver resposta por parte das direções políticas e governamentais, nem das próprias faculdades”.

O Murus destaca-se pelo apelo que faz ao exercício dos deveres da cidadania. “Temos uma elucidação um pouco diferente relativamente à causa estudantil. Não achamos que se deva restringir a isso. É uma causa como tantas outras que existem”, afirma Sofia.

Reuniões abertas a quem quiser participar

A integração da prática no ensino e a deficiência são dois dos assuntos consagrados na luta do Murus. Sofia Carvalhinha exemplifica o primeiro com o ensino da Universidade do Porto, que inclui “uma série de teoria que não tem aplicabilidade prática no dia-a-dia”. A deficiência, por sua vez, também é prioritária, pois “inclui a questão arquitetónica, nomeadamente espaços das faculdades que não têm acessos para cadeiras de rodas e a questão da assistência pessoal”.

O Murus pretende, ainda, remar contra a maré de descredibilização dos movimentos estudantis. “As pessoas mostram-se reticentes, porque, enquanto estudantes, só vamos viver a realidade quando sairmos daqui”, esclarece Sofia. Apesar disso, os valores do projeto mantêm-se firmes e pretendem concretizar-se, mais visivelmente, num futuro próximo.

Ainda em fase embrionária, o Murus começou por funcionar numa dinâmica interna, mas agora funciona abertamente a todos os que queiram participar. As reuniões realizam-se às quartas-feiras, pelas 19h30, no piso 2 da FLUP.