Pedro Sá ingressou aos 9 anos na Academia de Música de Vilar do Paraíso (AMVP), onde concluiu o 5.º Grau do Ensino Musical de piano. Ao longo de sete anos aperfeiçoou a técnica e afeiçoou-se a este instrumento de tal modo que, ainda hoje, o vê como um método de introspeção, um “momento em que o foco e a criatividade se combinam”, afastando-o das preocupações mundanas.

O órgão foi o instrumento pelo qual começou, mas “a beleza do som do piano” rapidamente lhe chamou a atenção, tendo sido uma escolha bastante natural. Mesmo após a formação esteve envolvido em vários projetos musicais, como pianista e organista.

Confessa não se recordar de Bartolomeo Cristofori ter sido mencionado durante os seus anos de aprendizagem, mas, ainda assim, reconhece que “apesar de ter sido exigido o estudo de grandes compositores, como Beethoven, Liszt, Mozart, entre outros, na verdade, tal só é possível graças a esta pessoa, responsável pela invenção do piano”.

Quando questionado se imaginaria a sua vida sem o piano, é perentório na resposta: “Não me identifico com frases cliché e genéricas como ‘não vivo sem a música’ ou ‘a música é a minha razão de viver’, já que, na verdade e biologicamente, não é ela que me mantém vivo. Contudo, e depois de tantos anos, sinto que o piano completa a minha vida”, remata.

Bartolomeo Critofori

Este italiano nascido a 4 de maio de 1655 era conhecido pelo fabrico de instrumentos musicais – os cravos. No entanto, questionava-se como seria possível criar um mecanismo que permitisse a alteração de intensidade dos sons. Assim, em 1709 apresenta o primeiro piano nos moldes primitivos dos atuais.
Denominado “Gravicembalo con piano e Forte” (cravo com piano e forte), o primeiro piano possibilitava a execução dos sons pianos (fracos) e sons fortes.
Sem esta invenção, não seria possível contemplar a beleza da melodia de um piano.

“O piano educou-me”

Ana Santos tem 22 anos e toca piano desde os 7. Entrou no grupo musical da igreja do Concelho de Gondomar, por vontade da mãe, mas ficou logo rendida às teclas brancas e pretas.

“A minha mãe é catequista e inscreveu-me no grupo musical da igreja depois de concluir a minha primeira comunhão. Inicialmente, ia obrigada, porque os ensaios eram aos sábados e domingos e, com 7 anos, queria brincar, o que é normal, visto que era uma criança. Além disso, o grupo, na altura, era constituído por elementos mais velhos e com grande experiência musical”, conta a jovem.

O “mestre” João, como Ana denomina o seu primeiro professor de piano, ensinou-lhe tudo o que sabe e “sem ele não teria tido a oportunidade de criar uma base tão forte, porque sem uma boa lição desde o início, a estrutura cai”, explica.

A jovem relata que passou mais tempo com o piano do que com amigos e certos membros familiares. “O piano educou-me, tanto musical como socialmente. Tocar piano requer uma postura muito hirta e pode reproduzir melodias muitos calmas que rapidamente entram em erupção, é uma questão de aprender a controlar as emoções”, conta.

A educação musical de Ana não se resume às aulas no grupo musical da igreja. Apesar de ainda pertencer a este grupo, teve aulas privadas na Escola Musical Pausa: “O grupo ajudou-me a crescer, mas como somos muitos é difícil conseguir aperfeiçoar a técnica. O piano é um instrumento que exige muita atenção”.

“O piano entende-me melhor do que ninguém”

A jovem fala do seu piano como se de uma pessoa se tratasse e ainda ponderou ingressar no conservatório, porém, a instabilidade do meio musical fez com que optasse por uma sala. Sala essa onde os únicos instrumentos são a capacidade argumentativa e conhecimento da lei: “Há dois anos entrei na Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP) e não estou arrependida da tomada de decisão. O piano não é um hobby, é mais do que isso. O piano é o meu melhor amigo com quem quero estar nos meus tempos livres a horas nada convencionais”.

Ana Santos não se considera pianista, porque tem a certeza que não viverá profissionalmete da música. “Noutro contexto seria o meu sonho, mas não sei até que ponto iria tirar a magia de quando eu toco”, conta.

Questionada sobre se conhecia o inventor do piano, Ana acena e garante que “qualquer pessoa que esteja a estudar música, sobretudo o piano, conhece Bartolomeo e a sua história. “Foi, sem dúvida, uma grande invenção. Eu e milhares de indivíduos estamos gratos por ele ter produzido a caixinha de música que é o piano e de nos proporcionar momentos indescritíveis”, afirma.

A jovem de 20 anos, para além de tocar piano, toca clarinete na orquestra da Freguesia e garante que a sua vida, sem piano, não seria igual. “Não consigo viver sem música. Seria muito estranho, depois de um dia cansativo na faculdade, não poder ver o meu piano e relaxar nele”. “O piano entende-me melhor do que ninguém”, conclui.