Numa altura em que o exercício da atividade jornalística é cada vez mais difícil de ser executado sem constrangimentos – segundo os dados do relatório anual da organização “Repórteres Sem Fronteiras” (RSF) de 2014, 69 jornalistas foram mortos durante esse período -, o curso de Segurança e Defesa para jornalistas faz ainda mais sentido.

A última fase de candidaturas a este programa, promovido pelo  Instituto da Defesa Nacional (IDN), decorre até dia 15 de maio e tem como objetivo principal esclarecer e aprofundar os conhecimentos da classe jornalística para esta matéria. Todas as informações complementares do curso podem ser encontradas aqui.

Esta formação é viável para qualquer jornalista. Pedro Leal, professor universitário e atual diretor-adjunto da Rádio Renascença, já esteve em cenários de conflito e confirma a utilidade deste tipo de iniciativas. “É evidente que se eu tivesse tido uma experiência, quanto mais não seja para me habituar ao ruído da guerra e para conseguir interpretar aquilo que estava a acontecer, seria uma mais valia. Quando cheguei pela primeira vez a um cenário de guerra nunca tinha ouvido um disparo de artilharia e posso dizer que foi perturbador”, revela, ao JPN.

Questionado ainda sobre quais as principais competências de um jornalista neste tipo de cenários, responde que “o principal sentido que uma pessoa deve ter é o de bom senso. Pode parecer cliché, mas é essencial. Perceber que se está num ambiente hostil em que as pessoas estão tensas, estão desesperadas e que, portanto, o jornalista tem de percebe isto tudo. Além do bom senso, um segundo passo é o respeito total pelas pessoas e pelas fações que estejam em conflito, tem de se respeitar cada uma delas”.

“Outro facto a ter em conta é que o jornalista não é notícia, não devemos concentrar em nós a notícia. Nós estamos lá dois ou três meses, no máximo, e vimos embora, enquanto aquelas pessoas ficam lá. Bom senso, respeito e entender que o jornalista não é a notícia são os princípios gerais”, conclui Pedro Leal.

Este é o relato de um jornalista que viveu para contar a história na primeira pessoa de situações de guerra e conflito. Situações para as quais o IX Curso de Segurança e Defesa para Jornalistas quer preparar os jornalistas entre os dias 1 e 26 de junho.