Durante a tarde desta terça-feira, os vendedores da Feira da Vandoma protestaram contra a mudança de espaço proposta pela Câmara do Porto, apresentada no final do mês de abril. Reuniram-se no Largo das Fontainhas e, daí, partiram rumo à Câmara Municipal do Porto (CMP), onde esperavam ser ouvidos pelo presidente Rui Moreira.

No entanto, nem tudo correu como planeado. Logo no início, antes mesmo de iniciarem a marcha, a polícia que estava no local avisou que não se podiam manifestar durante o percurso até à CMP e que o melhor seria dispersarem-se. Os feirantes aceitaram as indicações e até foram por caminhos diferentes. Quando chegaram ao destino, após uma primeira concentração na Praça General Humberto Delgado, em frente à Câmara, subiram até à entrada, onde se encontravam alguns polícias que impediam a passagem.

Não há feira até 6 de julho

Alguns manifestantes começaram a questionar as palavras de Manuel Martins e confrontaram-nos com papéis enviados pela CMP, onde se lia que, de 23 de maio até 6 de julho, não haveria Feira da Vandoma. Apesar de alguma discussão sem respostas no início, entretanto, o comandante da Polícia Municipal do Porto, António Leitão da Silva, saiu do edifício e confirmou essa informação. A razão? O São João que, este ano, regressa às Fontainhas.

“Mas o que importa não é tanto quanto tempo não há feira por causa do São João. Importa saber é se, depois, vamos continuar lá ou não”, esclarecia um feirante a António Leitão da Silva.

O comandante da Polícia Municipal do Porto adiantou ainda que quem decidir montar a feira e ignorar as ordens da Câmara “está por sua conta em risco”, comparando o caso com um carro mal estacionado: “Pode estacionar num sítio proibido. Não deve, mas pode”.

Elisabete Rosas, uma das feirantes que se manifestou, explicou que “a feira paralela às Fontainhas a partir da Rua do Sol, onde se encontram os vendedores ilegais, é que é o problema”. A falta de policiamento na zona é outra das falhas mais apontadas pelos feirantes abordados: “Nunca há polícias quando é preciso, hoje o que não falta é polícia”.

Um dos feirantes chega mesmo a comparar a Feira da Vandoma com a Feira da Ladra, em Lisboa: “Funciona bem e nunca mudou de sítio, mesmo estando no centro de Lisboa. O que importa é tirar daqui os vendedores ilegais”. Para António Soares, esta situação faz com que “pelo justo paguem os pecadores”, e exemplifica: “Se puserem uma tenda em frente a uma moradia é ilegal. Vão tirar de lá a tenda ou as pessoas que vivem na casa?”.

Esmeralda Soares, para além de feirante, é moradora nas Fontainhas e garante que “estorva mais o cheiro a sardinhas no São João do que a feira”.

Apesar de os manifestantes pensarem que duas pessoas podiam entrar na Câmara, só uma foi autorizada. Foi Manuel Martins (ver caixa) e voltou com uma resposta que não agradou a todos os feirantes lá presentes. “Para já está tudo na mesma. Vai continuar a haver feira”, garantia, no início.

Começou a gerar-se grande confusão com os manifestantes a pedir a Rui Moreira para vir até ao exterior falar com eles e a acusá-lo, recuando ao momento em que o presidente da CMP foi eleito: “Quando precisaste do nosso voto garantiste que nunca íamos sair dali! Agora que estás aí, fazes-nos isto?”, ouvia-se.

Os trabalhadores não conseguiram, mesmo depois de muitos pedidos e gritos, que o presidente saísse do edifício. No fim, já um pouco cansados, afirmavam: “Todos precisamos da feira, não estamos lá porque sim, por desporto”.

Para já sabe-se que, durante um mês e meio – até 6 de julho –, não haverá Feira da Vandoma. Em relação à alteração do local em que a mesma é realizada, António Leitão da Silva adiantou que está “em período de consulta pública” e, por isso, a autarquia está a ouvir todas as ideias propostas pelos vendedores.

[soundslides width=”520″ height=”480″ id=”279419″]