A Lovers & Lollypops celebra, este ano, uma década de existência, de liberdade criativa, de desafios, mas, sobretudo, de muita música. Este é um projeto bem português, mas que nasce, pelas mãos de Joaquim Durães, em Barcelona e de uma vontade de transpor a energia da cidade catalã para o Porto.

Em dez anos, “a Lovers & Lollypops já viveu muitas vidas”, mas há memórias que param e pairam no tempo, histórias particulares que Joaquim Durães guarda com maior carinho: os punk-rockers Black Lips são os protagonistas de uma dessas histórias. Atuaram no Porto, em 2008, num concerto organizado pela Lovers e no dia de aniversário de Joaquim – o seu pior aniversário de sempre, garante. “O meu bolo de aniversário nunca saiu da cozinha, acabou tudo – público e banda – à batatada… É uma história que fica para sempre ligada à Lovers, porque foi um concerto enorme, na altura não tínhamos experiência em concertos com tanta gente, e depois pela infelicidade do final do concerto. Claro que agora já me rio e já sorrio para essa história… Foi um concerto super especial.”

Numa cultura em que a música comercial está tão enraizada, sobreviver como editora independente é um desafio diário, mas a Lovers & Lollypops tem percorrido o caminho na direção certa. O “Milhões de Festa” – festival organizado pela editora –, tem tido um papel fundamental na divulgação da música independente: foi o primeiro grande evento da Lovers e funciona como uma verdadeira montra. Inicialmente, o Milhões era quase como uma reunião familiar de todas as bandas e artistas com quem a editora já tinha trabalhado, mas “alargar a família e convidar uma série de outras bandas nacionais, locais ou internacionais, acabou por fazer sentido”, conta-nos Joaquim Durães. É aqui que se ouve e vive tudo aquilo pela qual a Lovers tem trabalhado.

Para além do “Milhões de Festa”, que se realiza em Barcelos, a Lovers & Lollypops leva a música independente até Ponta Delgada, com o “TREMOR”, e até ao Porto, Guimarães e Lisboa com o “XX Vinte 20”. Este último evento tem um conceito único – inspirado num festival que acontece em Los Angeles – que acaba por atrair a curiosidade de muitas pessoas: 20 bandas, 20 DJ’s, 20 cartazes, dois palcos e 15 minutos de atuação por cada banda/DJ, numa lógica de contra relógio. “Acabou por ser quase um choque perceber como aquilo seria possível e muita gente acabou por alinhar e participar com essa curiosidade de perceber como é que é possível ter tanta gente envolvida numa só noite. É tudo uma lógica do caos, mas um caos que acaba por funcionar.”, confessa Joaquim Durães.

Dez anos depois, fica a certeza de que, no final, apesar de todos os desafios para fazer singrar a música independente, a liberdade criativa compensa: “Compensa isso e compensa o facto de em dez anos termos conhecido tanta gente boa e criativa e continuarmos aqui a criar alguma coisa e a caminhar para algum lado… A Lovers & Lollypops já viveu muitas vidas e esta é mais uma”.